segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Avalon (2001)


Um belíssimo filme experimental dirigido por Mamoru Oshii.
Ash é uma exímia jogadora de um simulador ilegal de combate chamado Avalon. Seu maior objetivo é superar os demais jogadores e descobrir a essência daquele intrigante e complexo jogo. Num universo que reúne as melhores características de um animé e de um futuro cyberpunk, "Avalon" é um filme que se assemelha à proposta de Matrix, mas sem os defeitos (e também sem algumas das qualidades) deste.
Avalon, nas narrativas legendárias anglo-saxônicas, era um ilha remota envolta em um névoa espessa na qual habitavam feiticeiras e para onde o corpo do moribundo Rei Artur foi transportado. A Avalon de Oshii também é envolta por brumas e apenas aqueles dispostos a sacrificar-se naquele temível jogo conseguem desvelar os mistérios que a circundam.
Gravado na Polônia (e falado em polonês), Oshii desenvolveu uma aura de mistério e de expectativa, contudo, o ritmo lento do filme o torna um pouco cansativo. Poucas falas e a representação do cotidiano de Ash, que vive em função do jogo, é um dos segredos do hermetismo de "Avalon", já não há como saber em até que ponto a própria vida de Ash fora do jogo também não faz parte do simulador de Avalon.
Um filme sem muito propósito, com um roteiro arrastado, mas é um pródigo experimento. Supera sua lentidão ao causar a indagação dos porquês o ser humano busca e sempre buscou o refúgio da ilusão e de um simulacro da realidade.

Como se fosse a primeira vez (2004)



Geralmente, vemos Adam Sandler interpretando aqueles rapazes ingênuos, campesinos, semi-autistas e com quase nenhum conhecimento da vida. Em "Como se fosse a primeira vez", no entanto, ele é Henry Roth, um veterinário que mora no Havaí e que conquista todas as turistas que passam por lá.
Sua síndrome de donjuanismo o impede de estabelecer qualquer tipo de vínculo amoroso com alguém, até que ele conhece Lucy (Drew Barrymore), uma garota com um problema nada convencional - após sofrer um acidente de carro, Lucy sofreu sérios danos na parte do cérebro que rege a memória recente e, por isto, ela é incapaz de recordar-se dos fatos que ocorreram após o acidente (mais de um ano antes de ela conhecer Henry). Todo dia ao acordar, ela pensa estar no dia em que sofreu o trauma.
Apaixonado e desesperado para ajudar Lucy, Henry se vê obrigado a ter de conquistá-las todos os dias, das maneiras mais diversas possíveis, na tentativa vã de conseguir que Lucy lembre-se dele.
Apesar de ser um comédia, "Como se fosse a primeira vez" carrega muito do tom melancólico de "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", pois é angustiante a luta diária de Henry para gravar na memória de Lucy os bons momentos que viveram.
Alguém que fazia tudo para ser esquecido, Henry Roth apaixona-se por uma mulher que jamais se lembrará dele.

domingo, fevereiro 20, 2005

Jogos Mortais (2004)



Costuma-se dizer que, num bom romance ou filme policial, o criminoso pode ser descoberto pelo leitor/espectador antes do fim, caso ele faça uso da sua faculdade de raciocínio dedutivo.
O cinema, com o passar do tempo, desenvolveu uma fórmula na qual o filme é considerado melhor ou mais envolvente quando justamente a máxima acima for violada. Quanto mais inesperado o fim, melhor a trama.
Fato que é um tanto perturbador, já que o espectador passa o filme inteiro atirando para todos os lados e crendo que a faxineira do hospital, ou o rapazinho que prepara o café expresso numa lanchonete pode ser o criminoso. Tal estratégia, contudo, é fraca e amadorística, pois deixa transparecer a inabilidade do roteirista em desenvolver uma narrativa logicamente constituída sem permitir que a história perca sua atratividade.
Em "Jogos Mortais", dois homens despertam acorrentados aos canos de um obscuro banheiro. Um deles, o cirurgião Gordon, suspeita que tal ato foi cometido por um assassino em série que costuma aprisionar suas vítimas das maneiras mais bizarras possíveis, fazendo com que elas mesmas terminem por se matar. No caso de Gordon, para que sua família não seja morta pelo assassino, ele deve matar seu colega de banheiro, Adam.
Narrado de uma maneira não-linear, "Jogos Mortais" segue a estratégia de finais surpreendentes, mas, neste caso, a comparação feita pela propaganda do filme comparando-o a "Seven" foi fracassada.
"Seven" é um filme infinitamente superior a "Jogos Mortais" por uma série de razões. Entre elas, está a estrutura narrativa, que possui uma lógica interna que conecta todos os crimes, e a revelação do criminoso, que faz parte do corpo da trama. "Seven" é um divisor de águas ao se falar de cinema policial, pois, apesar de o assassino só vir a ser conhecido quase no final do filme, ele é construído de maneira que a investigação conduz os policiais a um indivíduo anônimo insatisfeito com o mundo que o cerca. Em "Jogos Mortais", por outro lado, a motivação do criminoso é secundária às práticas por ele utilizadas. A mensagem do filme é ofuscada por uma série de revelações bombásticas que no fundo são apenas artifícios para captar a atenção do espectador.
"Jogos Mortais" não possui nenhuma característica que o distingua dos outros milhares de filmes sobre serial killers, excetuando por um tendência razoavelmente nova (já utilizada em "Por um Fio") de o criminoso não ser apanhado pela polícia.

Kill Bill, volumes 1 e 2



Um filme genial, se não houvesse o volume 2.
Concebido originalmente por Tarantino como uma obra única, mas dividido por razões práticas (o filme teria quase 4 horas na íntegra), "Kill Bill" é uma seqüência díspar.
Uma Thurman é "A Noiva", uma mulher que ficou em coma durante quatro anos após ter sido baleada na cabeça por um bando de assassinos que invadiu seu casamento e assassinou todos os convidados, o noivo, o reverendo e a esposa dele. No entanto, "A Noiva" também integrava, anteriormente, aquele grupo de assassinos e, ao despertar do coma, ela decide eliminá-los um a um e, por fim, matar o seu antigo amante e líder do bando, Bill.
A grande sacada de Tarantino é utilizar uma trama primária resgatando um estilo primário de cinema, os filmes B orientais de luta. "Kill Bill, vol. 1" é uma obra-prima de fotografia, releitura cinematográfica, trilha sonora e de roteiro. O filme é perfeito até os mínimos detalhes e é impossível não se envolver com a história de vingança da "Noiva".
Se apenas este filme houvesse sido lançado, sem a seqüência, muita coisa ficaria sem explicação, muitas lacunas seriam deixadas abertas, mas o filme se tornaria um mito.
Entretanto, há "Kill Bill, vol. 2", que é uma negação do anterior. Tudo o que há em perfeição no primeiro, falta ao segundo. A trama que é tão ágil e envolvente, torna-se monótona e corriqueira. Tarantino recai em seu ambiente usual e desgastado e a história perde fôlego. As respostas são dadas e são más respostas. A expectativa do espectador que terminou de assistir ao volume 1 são frustradas ao terminar de assistir ao volume 2. Nem a inserção do treinamento da "Noiva" com o mestre chinês Pai Mei consegue salvar a segunda parte da ruína.
Há filmes que foram feitos e que são únicos, que jamais deveriam ter seqüências: Psicose, Tubarão, Alien, Exorcista e, certamente, Kill Bill é um deles.

Mulheres Perfeitas (2004)



É supreendente que uma atriz do quilate de Nicole Kidman, que atuou em "Dogville" e em "Cold Mountain", tenha aceitado participar de um filme insosso como "Mulheres Perfeitas".
Ela interpreta Joanna, uma bem-sucedida executiva de uma emissora de TV que sofre um colapso nervoso. Visando salvar seu casamento e contribuir para a recuperação da esposa, Walter (Matthew Broderick) muda-se com Joanna para a pequena e tranqüila cidade de Stepford.
Logo ao chegar lá, Joanna percebe que algo não está certo com a mulheres desta cidade, ou melhor, algo está certo demais para ser verdade.
A intenção de "Mulheres Perfeitas" é uma crítica a uma sociedade patriarcal cujos princípios fundam-se na sujeição das mulheres ao mando dos homens. Contudo, o filme dirigido por Frank Oz (o mesmo que interpretou C3PO na trilogia "Guerra nas Estrelas" e que manipulava os bonequinhos dos Muppets), falha catastroficamente em seu intento e converte-se num nostálgico elogio à época de ouro norte-americana. Ao reconstruir hábitos e um estilo da década de 50, "Mulheres Perfeitas" revive aqueles anos que inspiraram o "American Way of Life" que se difundiu mundo afora.
Um tiro que saiu pela culatra...

sábado, fevereiro 12, 2005

Menina de Ouro (2004)



Pode parecer estranho que o homem que já foi um dos cowboys mais celebrados do cinema consiga atingir tão alto grau de sensibilidade ao dirigir um filme como "Menina de Ouro". Mas é fato, também, que Clint Eastwood sempre (bem, quase nem sempre) caminhou numa trilha de auto-aperfeiçoamento. Eastwood parece ser o tipo de indivíduo que aprende com os próprios erros e busca uma superação em cada projeto que realiza.
Maggie Fitzgerald (Hilary Swank) é uma garçonete de 31 anos de idade oprimida pelas derrotas da vida e por uma família completamente repulsiva. É no boxe que ela encontra a luz no fim do túnel, uma porta que poderia tirá-la daquela vida cinzenta e sem perspectivas. O problema é que Frankie Dunn (Clint Eastwood), um treinador de boxe proprietário de um ginásio decadente, não está disposto a treiná-la. Com um certo empurrãozinho de Scrap (o genial Morgan Freeman), Dunn percebe que a menina tem potencial e começa a investir em sua carreira.
"Menina de Ouro" é um filme triste, sensível, mas ligeiramente otimista. Nos pequenos atos de Dunn, de Maggie e de Scrap há uma centelha de esperança que faz com que eles permaneçam vivos. O desprendimento de Maggie, ao se lançar numa carreira agressiva e perigosa, é uma lição de vida para aqueles que pensam que as oportunidades caem do céu.
Um filme que nos leva à conclusão de que é nas pequenas vitórias diárias que a existência adquire sentido.

domingo, fevereiro 06, 2005

Em Busca da Terra do Nunca (2004)




Em suas "Meditações Metafísicas", o filósofo René Descartes afirma:

Noto (...) que esta virtude de imaginar que existe em mim, na medida em que difere do poder de conceber, não é de modo algum necessária à minha natureza ou à minha essência, isto é, à essência de meu espírito.

Asserção que James Barrie (Johnny Deep), certamente, jamais aceitaria como verdadeira.

Baseado na vida real do escritor escocês, James M. Barrie, "Em Busca da Terra do Nunca" é um tributo à faculdade da imaginação. Após uma série de fracassos com suas peças teatrais, Barrie vislumbra uma possibilidade criativa ao ver entrar em sua vida quatro crianças orfãs de pai, Peter, George, Jack e Michael, e a mãe delas, Sylvia Davies (Kate Winslet).
Numa interação lúdica e afetuosa com eles, James transcende o crítico teatro britânico do início do século XX e traz aos palcos uma narrativa pueril e divertida.
Vivendo no limite entre imaginação e realidade, a maneira como o dramaturgo conduz sua vida é lição de otimismo e de liberdade.
"Em Busca da Terra do Nunca" ressuscita o sentido original da palavra inglesa play (peça), que nada mais é do que uma grande brincadeira.

Fellini 8 e 1/2 (1963)


A crise inspiracional de um diretor de cinema é o tema de "Fellini 8 e 1/2".
Guido, interpretado por Marcello Mastroiani, é um artista cujo único comprometimento é com sua arte. Mas, ao se deparar com a indagação de se ainda havia algo essencialmente importante a ser dito, Guido entra numa crise de criação que bloqueia a pré-produção de seu novo filme.
Buscando em suas raízes biográficas elementos possíveis para constituir um possível roteiro, Guido acaba mergulhando em memórias confusas, em devaneios oníricos e numa aporia mais do que filosófica.
É sempre difícil falar sobre os filmes de Fellini, já que eles se encerram em si mesmo. Este diretor italiano é mestre em criar obras aparentemente sem trama, com quadros potencialmente desconexos e com personagens estilizadas. É neste clima turbulento e confuso que Fellini faz transparecer suas preocupações vitais acerca do papel de uma obra de arte.
É providencial que um filme que retrata um artista em crise seja uma das mais belas obras de arte do cinema.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

A Experiência (Das Experiment) (2001)



Um grupo de pesquisadores resolve selecionar cobaias humanas para uma mórbida experiência: simular a ambiente de uma penitenciária dividindo os homens em dois grupos, os presos e os carceceiros. Prevendo algumas reações básicas do instinto humano, como as de sobrevivência e de rebelião, os pesquisadores acreditam ter toda a situação sob controle. No entanto, medidas tomadas pelos carcereiros para conquistar a obediência, como humilhações e agressões físicas, tornam a prisão simulada numa bomba-relógio.
"A Experiência (Das Experiment)" é um filme que prende o espectador na cadeira até o último instante. A progressão que parte do controle total ao caos irremediável faz parte daquela curiosidade última das pessoas em ver o circo pegar fogo. Como que importando alguns elementos de "O Senhor das Moscas" de William Golding, "A Experiência" traz à tona aquele instinto mais primitivo e animalesco do ser humano e a vontade de potência que caracteriza qualquer agrupamento social. Nesta luta pelo poder, poucos são aqueles que podem dizer que lucraram algo e a experiência certamente se converte num fracasso, tanto de uma ciência inescrupulosa como daquilo que se convenciona como moral.
O elo fraco do roteiro é o romance entre o protagonista, Tarek, e uma mulher que ele conhece num acidente pouco antes de ser encarcerado. As digressões psicológicas de Tarek distoam completamente naquele ambiente opressor e é possível que a intenção do roteirista fosse a de quebrar a tensão constante da trama. Mesmo assim, o inverossímil romance permanece como um corpo estranho no interior do filme, mas nada que interfira fatalmente no desenrolar da história.
Seguindo uma linha de cinema que transmite até as últimas consequências uma angústia visceral, o cinema alemão tem premiado o público mundial com filmes como "Corra Lola, Corra", "Anatomia", "O que fazer em caso de incêndio?" e este interessantíssimo "A Experiência".
Uma experiência marcante!

A Professora de Piano (2001)


Baseado na obra de Elfriede Jelinek, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura em 2004, "A Professora de Piano" aborda o conflito de Erika, uma professora quarentona do Conservatório de Viena, ao lidar com sua sexualidade reprimida, ao mesmo tempo em que tenta extravasar seus anseios sadomasoquistas.
A maneira crua e direta como eles abordam este mergulho no universo tabuístico do sexo brutal faz com que "A Professora de Piano" seja um filme um tanto grotesco e indigesto, mas instigante e altamente impressionável. As poucas falas e uma trilha sonora erudita de primeira linha contrabalanceiam os arroubos de sexualidade de Érika que são reprimidos serevamente por sua mãe.
Apesar deste vislumbre negativo da sodomização - perspectiva inversa de outro filme cult sobre este tema, "A Secretária" -, é possível encontrar na trama uma certa redenção. O final súbito e enigmático levanta mais questionamentos do que soluciona e causa um certo desconforto, assim como quando se ouve uma peça musical sem sua resolução, o que transforma o filme num emaranhado de cenas de gosto duvidoso sem muito propósito.

Dança Comigo? (2004)



Uma vez mais, a indústria cinematográfica americana curva-se diante do quase desconhecido universo do cinema japonês. "Dança Comigo?"(2004) é um remake de um filme homônimo dirigido por Masayuki Suo e, com exceção do título e de algumas cenas emblemáticas, pode-se afirmar que se trata de duas histórias completamente diversas.
O filme "Dança Comigo?"(1996) feito no Japão é o símbolo de um clamor de desespero de uma cultura castradora e patriarca. O personagem principal, Shohei Sugiyama, é um executivo que conquistou todos os bens materiais que a sociedade exige de um homem responsável, mas nem por isto conquistou a felicidade. Aos quarenta anos, Shohei decide que aprenderá a dançar com uma melancólica dançarina, a qual ele sempre avistava, ao retornar para casa, na janela da academia. No entanto, apesar deste passo gigantesco de auto-liberação, o filme oriental é contido e introspectivo. O único personagem que destoa deste panorama frio e austero é Akira Emoto, um colega de trabalho de Shohei que leva uma vida dupla: durante o dia, é um executivo respeitável, à noite, contudo, ele é um cálido e cômico dançarino latino [!]. O filme é uma comédia de costumes que conquista por sua ruptura com todos os parâmetros morais socialmente aceitos no Japão.
Por outro lado, o filme norte-americano não pôde (nem fazia sentido) captar este clima saturnino de "Dança Comigo?" (1996). O advogado John Clark (Richard Gere) é um homem com as mesmas inquietações de Shohei, porém seu gesto não é tão revolucionário quanto o daquele. As razões são as mesmas, as ações são as mesmas, mas o tom é completamente distinto. Gere não consegue incorporar o papel de um homem desajustado e amargurado, ele permanece o galã de "Uma Linda Mulher" e de outros papéis do gênero que o consagraram. Logo a comédia cede lugar ao romance e a comicidade desaparece para que a sensualidade irrompa. Papéis que são secundários no filme japonês são exaltados por causa de suas intérpretes e a esposa de Clark, que no oriental quase não aparece, torna-se um ponto de conflito no remake. Tudo por causa de Susan Sarandon que certamente não se sujeitaria a um papel mais do que secundário.
Por fim, a cena angular de "Dança Comigo?"(1996) desaparece no remake. É quando a dançarina conta a Shohei quais foram suas razões para começar a dançar e tudo se passa diante daquele fatídica janela que havia unido aquelas duas pessoas. Por alguma razão, o roteiro americano não reproduziu a cena e perdeu a chance de recriar uma das mais belas cenas do cinema japonês atual, na qual a tristeza e melancolia de ambos personagens se convertem numa possibilidade de transformação.
"Dança Comigo?"(2004) não é ruim, mas não captou a mensagem do original. Tornou-se um filme de estrutura clássica e previsível, bem ao gosto da indústria cultural.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Pi (1998)



Revolucionário!
É um dos filmes mais inovadores que já vi desde "2001: Uma Odisséia no Espaço" de Kubrick.
Max Cohen é um teórico de Matemática cujo objetivo de vida é descobrir um padrão numérico em todas as coisas. No entanto, tal busca tem sido observada por grupos diversos que pretendem utilizar a possível descoberta de Cohen para fins com os quais ele não concorda.
O primeiro filme de Darren Aronofsky é uma hábil compilação de teoria do caos, Cabala e a procura de um código na Torá, paranóia e cinema de vanguarda.
Num ritmo frenético e atormentado, somos conduzidos a um estado de angústia e indagação permanente. A investigação de Max por uma essência constitutiva do universo é a procura da própria humanidade, que desde os primórdios mergulhou nesta obsessão de ordenar e categorizar a multiplicidade caótica da sensibilidade. Aproximando-se, quanto a temática, do filme "Uma Mente Brilhante", "Pi" consegue superá-lo por sua estética pós-moderna que torna Max Cohen muito mais vivo e humano do que o John Nash interpretado por Crowe.
A trilha sonora eletrônica apenas acentua a estranheza e a tensão que é o ponto focal de "Pi".
O filme de estréia de um diretor promissor.