sexta-feira, maio 31, 2013

A Morte do Demônio, de trash cult para arremedo enlatado grotesco


Lançado em 1981, o filme "The Evil Dead" (no Brasil, "A Morte do Demônio") atingiu quase instantaneamente o patamar de clássico do cinema de horror.

O filme é tosco, bizarro, mal-acabado, nojento, mas num bom sentido, se é que é possível bom sentido para tais adjetivos.
Esta produção de baixo orçamento dirigida por Sam Raimi conseguiu o que poucas superproduções conseguem: criar um ícone duradouro.
O personagem Ash (Bruce Campbell) está no mesmo patamar de outros grandes do gênero: como Jack de "O Chamado", Freddy Krueger, Carrie, Padre Merrin, Jason, Samara (ou Sadako), Norman Bates e Mike Myers.
Ash é uma vítima que se torna herói, lutando contra um mal inexplicável e aparentemente indestrutível.

O enredo é banal e foi usado à exaustão, um grupo de jovens vai para um casebre na floresta, onde deflagra terríveis forças sobrenaturais.


"A Morte do Demônio" original veio na cola de "O Exorcista", portanto não é de se estranhar a semelhança da maquiagem das mulheres possuídas, a voz duplicada, os vômitos coloridos e pastosos, a força sobrenatural, os risos e algumas frases de efeito.
No entanto, enquanto "O Exorcista" tem um tom sério e reverente diante do diabo, em "A Morte do Demônio" há todo um humor negro, um clima de chacota, como se nas entrelinhas viesse também a mensagem que não deveríamos levar aquela história com muita seriedade.
E este é o grande mérito deste filme, ser engraçado e horrível ao mesmo tempo.

Sou totalmente contra remakes. Não acho que acrescenta alguma coisa apropriar-se de um filme clássico, por mais antigo que seja, e fazer dele uma versão contemporânea, para um público imbecil incapaz de ver um filme em preto e branco sem dormir.
Temos vários exemplos de remakes que não apenas não acrescentaram nada, mas também macularam seus originais. "Psicose" de 1998 e "O Planeta dos Macacos" de 2001 são dois exemplos.
Refazer um filme ruim, tentando torná-lo melhor, pode até ser um esforço louvável, mas tornar num lixo um filme clássico, por favor, não!


Então surge o remake de 2013 de "A Morte do Demônio".
A premissa é praticamente idêntica ao do original, com exceção que agora foi incluída uma trama subjacente. David (pelo menos eles modificaram o nome do protagonista) vai para a floresta com uns amigos para tentar tratar da irmã drogada, uma espécie de colônica de reabilitação no meio do mato.
O que se segue todos sabemos. Encontram um livro que desperta os demônios daquele lugar e todos começam a morrer.
Só que o remake tem todos os defeitos do original, é tosco, nojento, mal-acabado, mas sem as qualidades deste. Há muito sangue, vômito, cenas grotescas sem propósito, mas falta aquele quê de ingenuidade e ironia que imortalizou "The Evil Dead" em 1981.
Apenas mais um enlatado americano para jovens estúpidos, que consomem tudo sem refletir.

A sensação é que você perdeu duas valiosas horas de sua vida com este remake.