sexta-feira, dezembro 19, 2008

Aqualung - e-book gratuito (mojobook)

Acredito que a maioria de vocês que freqüenta o blog "O Crítico" não conhece o meu trabalho literário.
Agora há uma grande oportunidade para baixar gratuitamente o e-book que escrevi para a Editora Mojo Books, inspirado no álbum Aqualung, da banda britânica Jethro Tull.

O enredo é a história da filha de um banqueiro em busca de sua própria liberdade e descobertas.

O e-book pode ser baixado gratuitamente no site da editora. Para isto, é necessário apenas realizar um rápido cadastro.

Aqualung
Baixe aqui

segunda-feira, junho 02, 2008

Sex and the City (2008)

O grande dilema do fim-de-semana, entre mim e minha esposa, foi se deveríamos assistir a "Indiana Jones" ou a "Sex and the City".
Cedi, e ganhou a segunda opção.

Minha primeira preocupação foi se eu, que nunca fui um espectador da série televisiva, entenderia o enredo do filme, ou melhor, se os produtores do filme honrariam apenas aos fãs (quer dizer, às fãs) e ou se também pensariam nos perdidos, como eu, que acabariam acidentalmente na sala de cinema.
A surpresa foi que, em poucos segundos de introdução, o filme de "Sex and the City" realiza um belo resumão de 6 anos de série e adentra no que é mais importante: o assunto do filme.

Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) finalmente se casará com Sr. Big, com quem manteve um turbulento relacionamento por anos.
É óbvio que nenhum casamento no cinema ou nas novelas pode ser bem-sucedido de cara e todos estes desencontros, paralelamente às tramas das outras três amigas - Samantha, Charlotte e Miranda -, comporão os dramas necessários a um bom enredo.

O filme agrada, mas muito mais pelas tramas secundárias, mais humanas, ou mais engraçadas, do que por causa do enredo principal. As piadas são espontâneas e o filme é engraçado sem precisar de muitos malabarismos.

Por outro lado, é um filme explicitamente feminino, tanto nos temas, quanto em sua própria estrutura. Os homens são personagens acessórios, geralmente apresentados numa posição quase antagônica, um objetivo a ser conquistado, criaturas a serem dominadas. Fato que por si só não significa nada demeritório, já que comumente a ótica é a inversa, com protagonistas masculinos absortos numa luta ególatra por poder.

As mulheres de "Sex and the City" são, ou se tornaram, os símbolos da feminilidade do século XXI, independentes - financeira e emocionalmente -, que valorizam o relacionamento interpessoal desde que este não prejudique suas próprias individualidades. Só vale a pena uma amizade ou um amor se este não se interpuser aos objetivos de vida; felicidade não combina com auto-anulamento.
Um aspecto curioso foi que boa parte das espectadoras do filme não pertence à geração que acompanhou a série - entre 1998 e 2004. Há muitas jovens, provavelmente espectadoras de reprises, mas que demonstraram sua admiração a esta série que se tornou um mito da TV contemporânea.
Não podemos nos iludir, no entanto, que as quatro amigas representam a totalidade das mulheres americanas, nem sequer das nova-iorquinas. Elas são espelhos dum mundo movido a marcas famosas e a homens sexualmente ativos, mas que relegam às sombras toda a outra sorte de mulheres - intelectuais, undergrounds, despojadas, solteironas amargas, ou prisioneiras de éticas religiosas... -, que fogem ao escopo do que a série pretende, ou do que o mundo quer ver.

Para nós, homens, o filme vale quase como um estudo antropológico, como um mergulho num universo tão distinto, tão avesso, mas ao mesmo tempo tão indissociável do nosso.

domingo, maio 18, 2008

Desejo e Reparação (2007)


O enredo de "Desejo e Reparação" tem todos os elementos duma tragédia. Robbie, o protagonista, possui uma falha trágica: filho da criadagem duma rica família, mas que recebeu uma ótima educação, ele comete o grave erro de se apaixonar por Cecilia (Keira Knightley), a filha dos patrões.
No entanto, ao contrário do que poderia se esperar, a grande oposição, o grande conflito não surge a partir dos pais de Cecilia, mas sim da irmã mais nova dela, Briony, que, aos 13 anos, cria sérios obstáculos ao romance.

Os Limites da Interpretação

A edição do filme é extraordinária. Primeiro, vemos as situações pelos olhos de Briony, a partir da interpretação dela dos eventos, para, posteriomente, sabermos o que realmente aconteceu.
"Desejo e Reparação" apresenta uma crítica aos limites da interpretação, às meias verdades, ao conhecimento parcial dum assunto.
Brinoy pressupõe muita coisa e isto a leva a realizar julgamentos prévios. Um destes juízos equivocados de Briony causa da desgraça de Robbie e compromete o amor dele e Cecilia.
Neste jogo de presente e flashbacks, vamos compreendendo como funciona as relações de ciúmes, inveja, hipocrisia e esperança. Toda a trama transita ao redor destes elementos, a busca pela retratação pública e pela conquista dum amor não realizado. Uma história muito bela, triste e com uma produção impecável.
Destaque para o retrato feito do recuo britânico, durante a Segunda Guerra Mundial, para Dunquerque, um dos maiores fiascos do Exército Britânico durante o conflito.

E nota 10 para a trilha sonora, simplesmente brilhante.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Festa de Família (1998)


"Hoje, um temporal tecnológico foi deflagrado, o resultado será a definitiva democratização do cinema. Pela primeira vez, qualquer um pode fazer filmes".

Inspirados nesta idéia, Thomas Vinterberg e Lars Von Trier idealizaram o movimento Dogma 95, que visava romper com o cinema comercial, com a alienação da arte cinematográfica e a idiotização dos espectadores. Para tanto, o cinema não deveria ser uma simulação do real, mas sim o real sendo filmado. Obter este resultado exigiria a extinção do cineasta, a submissão dele ao improviso dos atores ou à força do roteiro. A trama acontece aqui e agora, filmada em baratas câmeras digitais, com som ambiente, sem maquiagem, sem tiros, sem mortes, iluminação natural.

Todas estas características poderiam significar a produção de obras toscas, "inassistíveis", amadoras, caseiras. No entanto, basta assistir ao primeiro filme do movimento Dogma 95, dirigido pelo próprio Vinterberg, para perceber que este projeto está longe de ser amador, frívolo ou mal-sucedido.

A história se passa num hotel-fazenda na Dinamarca, quando uma família se reúne para comemorar o aniversário de 60 anos do patriarca. Contudo, durante os brindes, o filho mais velho dele se ergue e revela ter sido molestado sexualmente pelo pai em sua infância. Disto, decorre uma série de conflitos que afloram, na medida em que a festa avança pela noite.

"Festa de Família" é uma crítica visceral aos valores burgueses, à hipocrisia social, ao preconceito, aos estereótipos. Vinterberg põe o dedo em todas as feridas, em expostas e naquelas que todos querem ocultar.

Se os diretores deste movimento conseguiram transcender o mercandejamento do cinema, talvez esta seja uma tarefa para a História decidir, mas que eles atingiram um patamar de autencididade e uma cota de genialidade, disto não há como duvidar.