tag:blogger.com,1999:blog-78977522024-03-13T18:28:40.710-03:00O CríticoCríticas cinematográficas, literárias e sobre obras de Arte em geral.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.comBlogger193125tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-82679892207008305632016-05-21T06:27:00.000-03:002016-05-21T06:27:13.670-03:00Hugo (2011)<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/-AzOHalFsSg" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
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Nos séculos XVIII e XIX, os automata foram uma febre na Europa e nos EUA, construídos com uma precisão milimétrica, com complexas engrenagens, e, de certo modo, foram os avós dos nossos robôs. Estas maravilhas mecânicas, muitas vezes com forma humana, realizavam certas atividades, como tocar um instrumento, escrever, ou jogar xadrez, como no caso famoso do automaton conhecido como "O Turco", que até chegou a derrotar jogadores competentes. "O Turco" foi imortalizado em um ensaio de Edgar Allan Poe, no qual ele tentava desmascarar este incrível automaton, como se não passasse de um mero truque de mágica. O fato é que hoje se reconhece que "O Turco" não era um automaton de verdade, mas que era controlado, de algum modo misterioso, por alguém.<br />
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Aliás, automata, mistério e mágica tem tudo a ver com o livro sobre o qual eu gostaria de falar hoje: <i>A Invenção de Hugo Cabret</i> de Brian Selznick.<br />
Antes de tudo, a própria estrutura do livro já é bastante intrigante. Metade romance, metade livro ilustrado, é impossível definir exatamente onde ele se encaixa. Assim como "O Turco", metade automaton, metade truque de mágica, Hugo Cabret se situa num limiar.<br />
Logo descobrimos que o personagem principal, o jovem Hugo, nada tem de convencional. Ele vive dentro da estação de trens de Montparnasse, e quando digo dentro é literalmente dentro. Dentro de suas paredes.<br />
Como ele vai parar lá é apresentado ao longo da narrativa, mas tudo que sabemos à princípio é que Hugo é o responsável por dar corda e ajustar os relógios da estação. No entanto, ele tem uma missão ainda maior do que esta. No pequeno quartinho onde ele vive, ele guarda um automaton quebrado, que ele tenta restaurar com os diagramas feitos por seu pai relojoeiro (que já está morto) em um caderno de notas.<br />
Esta é apenas a trama de fundo de A Invenção de Hugo Cabret, pois a história de fato, e é neste ponto que vários mistérios começam a se acumular um sobre o outro, é quando ele, ao tentar roubar peças de brinquedos de uma lojinha dentro da estação, é apanhado pelo dono dela, um sujeito amargo chamado Georges Méliès, que parece reconhecer aqueles diagramas no caderninho de Hugo.<br />
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Qual é a relação entre Mèlies e o automaton, isto é, a invenção de Hugo Cabret?<br />
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Para ajudar Hugo a desvendar este mistério, Isabelle, uma garota que é criada por Méliès, resolve ajudá-lo e, juntos, eles acabam não apenas desvendando o segredo guardado dentro do mecanismo do automaton, o que ele tem para desenhar, bem como o incrível passado de Mèlies.<br />
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Se você gosta de cinema, talvez tenha associado este nome com alguém... mas não vou relevar o fim da história.<br />
O livro é curto, embora pareça ser imenso nesta edição minha. Há muitas ilustrações, portanto, é uma leitura rápida. Acho que não chegou a me tomar 2 horas de leitura.<br />
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Em 2011, este livro foi adaptado ao cinema e o filme se chama simplesmente "Hugo", dirigido por Martin Scorcese. Devo dizer que é um filme um pouco estranho para a filmografia deste diretor, mais conhecido por seus filmes violentos, com gangsters, policiais e desajustados em geral. "Hugo" é uma história fofinha demais para o perfil do Scorcese.<br />
Não é uma adaptação ruim, embora se esforce demais para criar uma atmosfera idílica, mais ou menos ao estilo de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain.<br />
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Eu não sei, mas quando levamos mais tempo para ver um filme do que para ler um livro, acho que há algo errado aí. Em quase três horas de filme, foi preciso incluir algumas subtramas para reforçar a presença de certos personagens secundários, como o inspetor da estação, interpretado por Sasha Baron Cohen, que em boa parte do livro é quase uma ameaça invisível, a possibilidade de que Hugo seja descoberto e apanhado, enquanto que no filme incluíram um breve romancezinho entre ele e a vendedora de flores que sequer há no livro.<br />
Além disto, houve uma tendência para atenuar certos atos de Hugo e Isabelle, que em algumas partes do livro acabam roubando objetos ou mentindo, enquanto que, no filme, isto foi quase totalmente suprimido, talvez para deixar bastante claro os limites entre o certo e errado para o público juvenil.<br />
Mas, para mim, sem dúvida o mais fascinante no livro são as ilustrações e como elas facilmente são capazes de suplantar o texto.<br />
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Ao pensarmos na relação entre homem e máquina, representada pelo automaton, a mensagem de Hugo Cabret não poderia ser mais clara: de que todos nós, mesmo que não possamos perceber, fazemos parte de um gigantesco mecanismo e temos nossa razão de ser, temos algum propósito, temos alguma missão. Ao longo deste livro, acompanhamos como Hugo desvenda sua própria missão pessoal e, neste processo, auxilia outros personagens neste caminho, inclusive até fazendo com que Georges Méliès redescubra quem ele realmente era.</div>
</div>Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-80563226723565145352013-10-06T13:11:00.000-03:002013-10-06T13:35:36.146-03:00Gravidade (2013)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/a/ac/Gravity.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/a/ac/Gravity.jpg" /></a></div>
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Acho que, assim como eu, você também deve ter se emocionado quando, no filme "O Náufrago", a bola de vôlei Wilson cai da jangada de Tom Hanks e se perde no mar.<br />
Que habilidade narrativa fenomenal esta capaz de dar personalidade a uma bola de vôlei, a ponto de nos importarmos com seu destino!<br />
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Ontem, ao deixar a sala de cinema após assistir a "Gravidade", não pude evitar comparar este filme com "O Náufrago".<br />
Os dois são filmes de sobrevivência.<br />
Em "O Náufrago", temos um acidente de avião e o protagonista isolado em uma ilha deserta, cujo único companheiro é o Wilson, a tal bola de vôlei.<br />
Em "Gravidade", temos um acidente no espaço com dois sobreviventes, a Dra. Stone (Sandra Bullock) e o piloto Matt Kowaslki (George Clooney).<br />
E as duas histórias possuem um ritmo muito parecido, mas com tons emocionais bastante diferentes. <br />
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Não se pode questionar a obra-prima técnica que é "Gravidade", e merecidamente deveria levar todos os Oscares técnicos possíveis, como fotografia, efeitos visuais, edição e edição de som. Até a trilha sonora merece destaque, num ambiente onde o som não se propaga e a trilha sonora acaba cumprindo todo o papel que seria de explosões e outros ruídos.<br />
As cenas do planeta Terra são estonteantes e a velocidade da história é de tirar literalmente o fôlego.<br />
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No entanto, a história é pobre de doer. Não há profundidade alguma, não há nenhum tipo de reflexão a ser feito. Isto não chega a ser um problema para filmes deste estilo, mas quando vários críticos se empolgaram e fizeram inúmeras comparações entre "Gravidade" e o clássico "2001, uma Odisseia no Espaço", é impossível não se incomodar com isto.<br />
A obra-prima de Kubrick é pura reflexão sobre a espécie humana, desde as primeiras cenas com os primatas descobrindo o uso de ferramentas, até o computador Hal adquirindo auto-consciência e se vingando dos humanos, até a psicodelia da última cena, com um dos astronautas perdido no espaço.<br />
Já "Gravidade", dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón, é mais sensorial, sem nenhuma preocupação com temas filosóficos ou questionamentos de ordem humana. É uma sequência de peripécias, algumas plausíveis, outras nem tanto, em busca por sobrevivência.<br />
Acho difícil até considerar "Gravidade" como um filme de ficção científica, pois um dos critérios para este gênero é que a história dependa de uma relação necessária entre história e ciência/tecnologia.<br />
No fundo, a trama de "Gravidade" poderia ser transplantada, ponto a ponto, para qualquer outro tipo de cenário ou ambientação, no fundo do mar, no deserto, na floresta, em uma cidade exótica. O espaço, os astronautas, os feitos para sobreviver, tudo isto é contingente, tudo não passa de uma belíssima maquiagem para ocultar uma história convencional e que já vimos às centenas por aí.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="345" src="//www.youtube.com/embed/C4pcg7bXgmU" width="613"></iframe>
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Por outro lado, um dos grandes méritos de "Gravidade" e, talvez neste aspecto esteja seu caráter realmente revolucionário, é a revitalização do cinema, enquanto espaço de entretenimento.<br />
A crise no cinema não é recente, mas os downloads de filmes, as TVs em três dimensões, o stream de filmes por serviços como o Netflix, ameaçam (ou ameaçavam) o futuro das salas de cinema, prenunciando o fim desta experiência coletiva de sair de casa, ir até um auditório, sentar-se numa poltrona ao lado de centenas de desconhecidos e, naquele intervalo de tempo, não fazer mais nada senão assistir a um filme e comer pipoca.<br />
Em nosso mundo contemporâneo, o ato de suspender todas as demais atividade para se concentrar em um única é raríssimo, em vias de extinção.<br />
Assistimos a um filme no computador, conferindo ao mesmo tempo as atualizações nas redes sociais, nossos e-mails, com a TV ligada, falando no telefone e sabe-se lá fazendo quantas outras coisas mais.<br />
"Gravidade" é o tipo de filme que implora para ser visto na tela grande, em 3D, com toda a pompa e a potência que somente o cinema pode proporcionar. Não será a mesma experiência assistir um filme como este em casa, na "Tela Quente", ou na telinha do seu computador. Não será mesmo!<br />
O que Cuarón está ensinando ao mundo é que, se o cinema como nós o conhecemos quiser sobreviver, será necessário criar experiências visuais e sensoriais que somente a grande tela pode expressar em plenitude.<br />
Há filmes para TV.<br />
E deverá haver mais filmes para o cinema.<br />
Talvez "Gravidade" seja o primeiro desta nova geração de cinema.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-74422348718718177662013-08-11T18:26:00.002-03:002013-08-11T18:26:28.804-03:00Invocação do Mal (2013)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://comicbook.com/wp-content/uploads/2013/07/the-conjuring-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://comicbook.com/wp-content/uploads/2013/07/the-conjuring-poster.jpg" width="428" /></a></div>
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Talvez "Invocação do Mal" seja um dos melhores filmes de terror feito nos EUA nos últimos 10 anos. O que, convenhamos, não quer dizer muito.<br />
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Primeiro, porque é inspirado na história real da família Perron e dos demonologistas Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) Warren. Este casal de "caçadores de fantasmas" é o mesmo que investigou o caso de Amityville, que também foi adaptado para o cinema.<br />
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O enredo é basicamente o mesmo de todos os que envolvem uma casa mal assombrada: uma família compra uma casa isolada no meio do mato, começa a vivenciar fenômenos estranhos, a sentir uma presença maligna, a tensão escala até que precisa buscar ajuda (ou todo mundo morre), neste caso em particular, o auxílio dos demonologistas, que logo percebem que algo muito sério está ocorrendo.<br />
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A ambientação dos anos 70 é estupenda e a cinematografia é de primeira. O filme tem um ritmo tenso e constante durante mais da metade, conduzindo a trama de uma maneira fantástica, mas sem exagerar.<br />
No clímax da história, as coisas saem um pouco do controle, como o habitual de quase todo filme americano do gênero, mas sem degringolar completamente.<br />
Em "Invocação do Mal" é possível perceber a influência dos grandes filmes do gênero, como o próprio "O Exorcista" de 1973 e "Amityville" de 1979.<br />
Não consegue fugir completamente dos clichês que permeiam o cinema de terror americano - aliás, nem parece tentar isto -, mas movimenta-se bem no interior destes lugares-comuns.<br />
O ponto forte é justamente a junção do ponto de vista da família que sofre os ataques demoníacos e dos investigadores.<br />
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Está longe de se tornar um clássico no futuro, mas é um trabalho muito bem realizado, que cumpre seu papel, causa alguns sustos e tem algumas cenas bastante arrepiantes.<br />
Ainda é uma evidência que na "clichelândia" de Hollywood ainda há espaço para filmes bem realizados, mesmo que não sejam inovadores.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-13620166338931175422013-05-31T14:17:00.000-03:002013-05-31T14:24:51.029-03:00A Morte do Demônio, de trash cult para arremedo enlatado grotesco<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-9BJVYYml9RU/UajS_nKFhtI/AAAAAAAACos/mfFn2hHUKQ8/s1600/Evil_Dead_Topo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-9BJVYYml9RU/UajS_nKFhtI/AAAAAAAACos/mfFn2hHUKQ8/s400/Evil_Dead_Topo.jpg" width="400" /></a></div>
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Lançado em 1981, o filme "The Evil Dead" (no Brasil, "A Morte do Demônio") atingiu quase instantaneamente o patamar de clássico do cinema de horror.<br />
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O filme é tosco, bizarro, mal-acabado, nojento, mas num bom sentido, se é que é possível bom sentido para tais adjetivos.<br />
Esta produção de baixo orçamento dirigida por Sam Raimi conseguiu o que poucas superproduções conseguem: criar um ícone duradouro.<br />
O personagem Ash (<i>Bruce Campbell</i>) está no mesmo patamar de outros grandes do gênero: como Jack de "O Chamado", Freddy Krueger, Carrie, Padre Merrin, Jason, Samara (ou Sadako), Norman Bates e Mike Myers.<br />
Ash é uma vítima que se torna herói, lutando contra um mal inexplicável e aparentemente indestrutível.<br />
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O enredo é banal e foi usado à exaustão, um grupo de jovens vai para um casebre na floresta, onde deflagra terríveis forças sobrenaturais.<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/dtsK7skqk9U?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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"A Morte do Demônio" original veio na cola de "O Exorcista", portanto não é de se estranhar a semelhança da maquiagem das mulheres possuídas, a voz duplicada, os vômitos coloridos e pastosos, a força sobrenatural, os risos e algumas frases de efeito.<br />
No entanto, enquanto "O Exorcista" tem um tom sério e reverente diante do diabo, em "A Morte do Demônio" há todo um humor negro, um clima de chacota, como se nas entrelinhas viesse também a mensagem que não deveríamos levar aquela história com muita seriedade.<br />
E este é o grande mérito deste filme, ser engraçado e horrível ao mesmo tempo.<br />
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Sou totalmente contra remakes. Não acho que acrescenta alguma coisa apropriar-se de um filme clássico, por mais antigo que seja, e fazer dele uma versão contemporânea, para um público imbecil incapaz de ver um filme em preto e branco sem dormir.<br />
Temos vários exemplos de remakes que não apenas não acrescentaram nada, mas também macularam seus originais. "Psicose" de 1998 e "O Planeta dos Macacos" de 2001 são dois exemplos.<br />
Refazer um filme ruim, tentando torná-lo melhor, pode até ser um esforço louvável, mas tornar num lixo um filme clássico, por favor, não!<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/92dyjTFvP4Y?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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Então surge o remake de 2013 de "A Morte do Demônio".<br />
A premissa é praticamente idêntica ao do original, com exceção que agora foi incluída uma trama subjacente. David (pelo menos eles modificaram o nome do protagonista) vai para a floresta com uns amigos para tentar tratar da irmã drogada, uma espécie de colônica de reabilitação no meio do mato.<br />
O que se segue todos sabemos. Encontram um livro que desperta os demônios daquele lugar e todos começam a morrer.<br />
Só que o remake tem todos os defeitos do original, é tosco, nojento, mal-acabado, mas sem as qualidades deste. Há muito sangue, vômito, cenas grotescas sem propósito, mas falta aquele quê de ingenuidade e ironia que imortalizou "The Evil Dead" em 1981.<br />
Apenas mais um enlatado americano para jovens estúpidos, que consomem tudo sem refletir.<br />
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A sensação é que você perdeu duas valiosas horas de sua vida com este remake.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-27086773049039735422013-03-10T14:52:00.001-03:002013-03-10T14:57:33.531-03:00O Segredo da Cabana (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b8/CitwTeaserSmall.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b8/CitwTeaserSmall.jpg" width="270" /></a></div>
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O poder do Terror deriva principalmente do medo que aquilo que vemos na tela dos cinemas possa nos acontecer na vida real. É o medo em potência, o medo da possibilidade, o medo do horror real que pode nos espreitar em qualquer esquina.<br />
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Em "O Segredo da Cabana", temos uma inversão da lógica dos filmes de horror. Cinco universitários resolvem passar um final de semana numa cabana no mato, sem consciência que estão adentrando um território bizarro, vigiado por uma equipe de misteriosos técnicos que liberam monstros num espaço controlado, num jogo cuja finalidade compreenderemos somente no desfecho da trama.<br />
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Basicamente, este filme é a versão para adultos de "Monstros SA", daquele desenho animado da Disney. Imagino que devesse causar medo, mas acaba tendendo mais para uma comédia de mau gosto, numa vertende de ficção científica de terror.<br />
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Não se pode dizer que se trata de um enredo previsível nem sequer ortodoxo, porém, o esforço para verbalizar e dissecar um padrão bastante específico no gênero acaba redundando vazio e exagerado.<br />
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"O Segredo da Cabana", que foi considerado como o melhor filme de terror de 2012, não causa medo, não convence, tampouco entretém. É uma sequência de absurdos e despropósitos que nos levam a questionar quem foi o demente que concebeu tal história, e também quem foram os dementes que resolveram transformá-la em filme.<br />
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É uma piada metalinguística que envergonha o gênero do horror.<br />
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Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-2194251192570677512013-03-03T12:25:00.001-03:002013-03-03T12:25:52.197-03:00Zombieland (2009)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/a/a3/Zombieland-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/a/a3/Zombieland-poster.jpg" width="255" /></a></div>
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Existem três tendências básicas para filmes de zumbis: o horror mais negro e desesperador (como em "A Noite dos Mortos Vivos" de Romero), a carnificina mesclada com terror (como em "A Volta dos Mortos Vivos") e a comédia escrachada como em <b>Zombieland</b>.<br />
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Após o fim da civilização por causa de uma doença epidêmica, que transformou os seres humanos em zumbis irracionais e canibais, acompanhamos a jornada de Columbus (<i>Jesse Eisenberg</i>), Tallahassee (<i>Woody Harrelson</i>), Wichita (<i>Emma Stone</i>) e Little Rock (<i>Abigail Breslin</i>), um grupo de desajustados que se encontram em meio a este mundo devastado.<br />
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O ritmo do filme é excelente, apesar de ser previsível em vários aspectos. Os zumbis, com uma maquiagem perfeita que poderia pertencer a <i>The Walking Dead</i>, são praticamente inofensivos, já que em momento algum chegam a realmente ameaçar algum dos quatro personagens principais. Mesmo inclinado para a comédia, e que talvez até chegue a arrancar um risinho ou outro, o tom geral é mais para uma aventura, com várias cenas de ação, tiros e perseguição, principalmente durante o clímax.<br />
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O trecho da história mais inusitado é quando eles encontram o ator Bill Murray, na mansão dele em Hollywood, que talvez possa ser considerado o ponto mais engraçado de todo o filme, mesmo que seja um pouco desconectado do restante da narrativa.<br />
Os destaques de Zombieland são, definitivamente, Jesse Eisenberg e Woody Harrelson, e a presença dos dois em cena são o segredo do sucesso desta história.<br />
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Um ótimo divertimento para quem gosta de ver cabeças de zumbis explodindo, mas que morre de medo de filmes de terror.<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/071KqJu7WVo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-32344574068476762752013-02-24T13:52:00.001-03:002013-02-24T13:52:16.394-03:00Amour (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/9/95/Amour-poster-french.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/9/95/Amour-poster-french.jpg" /></a></div>
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Já fui mais entusiasmado pela linguagem do cinema europeu. Hoje sou um pouco mais criterioso entre deslumbrar-me por uma estética inovadora ou simplesmente considerar aquilo um <i>nonsense </i>travestido de vanguarda.</div>
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Decepcionei-me bastante com outro filme deste mesmo diretor; em "A Professora de Piano", Michael Haneke errou o alvo, e nos deparamos com uma história sem muito propósito.</div>
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Em "Amour", ele já foi mais certeiro, apesar de ainda não ser uma obra-prima.</div>
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Neste filme, acompanhamos a história de um casal de idosos, Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anna (Emmanuelle Riva), e como eles lidam com as consequências de um derrame da esposa e de sua degeneração física e mental.</div>
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"Amour" é de uma crueza terrível, tão real que é quase como se estivéssemos invadindo a privacidade daquele casal, com uma veracidade absurda que torna esta história muito mais eficaz do que qualquer abordagem piegas e excessivamente cinematográfica, no pior sentido que isto possa insinuar.</div>
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Uma característica que deixa muito clara esta tendência naturalista de "Amour" é a ausência de trilha sonora. Escutamos apenas os sons ambientes, e as canções são aquelas que os próprios personagens estão ouvindo.</div>
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Outro detalhe que realça este realismo são longos plano-sequências, alguns até sem um propósito evidente, que nos insere neste cotidiano triste e desesperador da doença.</div>
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Iniciar o filme pelo final, pela descoberta do cadáver em decomposição de Anna num apartamento vazio, foi uma ótima alternativa para complementar os finais abertos típicos de Haneke, assim, pelo menos ele satisfaz o desejo interno da maioria dos espectadores: <i>"'tá, e daí?"</i></div>
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Dentro de sua proposta, "Amour" é um filme bastante verossímil e inquietante, que nos leva a refletirmos sobre as condições de nossos avós e pais, e, até mais do que isto, de como será nossa própria velhice.</div>
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<i>"Todo homem é mortal"</i>, diz o exemplo clássico de lógica, mas o problema não é este, a questão fundamental é: <i>"pelo que tanto passaremos até o dia de nossas mortes?"</i></div>
Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-36377450121239694622013-02-19T21:13:00.000-03:002013-02-19T21:13:34.477-03:00Lincoln (2012)
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<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/6a/Lincoln_2012_Teaser_Poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/6a/Lincoln_2012_Teaser_Poster.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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Quem se detém para estudar um pouco da História dos Estados Unidos da América tem de dar o braço a torcer e reconhecer quão admirável é, em certos sentidos, esta nação.</div>
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<br /></div>
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Os pais fundadores, como são chamados os primeiros democratas do país, figuras como George Washington, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, entre outros, tinham os olhos voltados para Iluminismo francês, importando ideias e conceitos bastante avançados para a época, noções como igualdade e liberdade, a inteligência e a cultura a serviço do desenvolvimento, e a democracia como a forma de governo mais justa e maleável.</div>
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<br /></div>
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Olhando em retrospecto, tudo parece ter ocorrido às mil maravilhas, mas a História tem suas sutilezas e sempre houve cismas na cúpula do poder americano. Havia os idealistas, mas havia também a realidade crua e brutal, esta natureza humana podre que se revela na luta pela supremacia, ao custo da opressão.</div>
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<br /></div>
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Qualquer sujeito razoável sabe que a escravidão é uma abominação, mesmo que isto não fosse tão evidente até para certos intelectuais do século XIX. O fato que é que a escravidão foi um negócio bastante lucrativo por vários séculos e muita gente criou fortunas nas costas dos escravos negros.</div>
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<br /></div>
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Os movimentos abolicionistas que se espalharam como fogo num matagal não comprometiam somente uma mentalidade, como também, senão principalmente, um sistema econômico. Nos EUA, havia dois mundos distintos: o norte industrializado e que rapidamente conseguiu se livrar do trabalho escravo, realizando a transição para o assalariado, sintoma da era industrial, e o sul agrícola, atrasado, com latinfúndios e dependente do labor servil.</div>
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<br /></div>
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A Guerra de Secessão americana começou por causa desta disparidade econômica e também pelo temor dos sulistas que a abolição da escravatura destruísse sua economia.</div>
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A figura no meio deste conflito era Abraham Lincoln, o décimo-sexto presidente dos EUA, um homem conhecido por sua inteligência e retratado neste filme de Steven Spielberg.</div>
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<br /></div>
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"Lincoln" aborda a complicada articulação política nos bastidores para a aprovação de uma emenda constitucional abolindo a escravidão, um dos legados que o presidente queria deixar para o mundo.</div>
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Basicamente, a trama é uma espécie de mensalão da abolição, com compras de votos de parlamentares para conseguirem fechar o número de votos suficientes para passar a emenda.</div>
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Um retrato fiel das tramóias e politicagens do governo, mesmo que fossem por uma boa causa. É o lado sujo da democracia, quando interesses pessoais dos governantes acabam falando mais alto do que o interesse da coletividade, quando o dinheiro e ameaças silenciam ideologias.</div>
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Neste caso em particular, a causa do "bem" venceu, mas quantas vezes o certo e o justo não foram distorcidos por estes mesmos interesses escusos nos bastidores do poder?</div>
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Esta é a indagação que "Lincoln" pode, ou até deveria, suscitar.</div>
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<br /></div>
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Um equívoco é pensar que a discriminação terminou com a abolição dos escravos. Os EUA ainda é um país extremamente segregado, com uma tensão racial constante, com crimes raciais ocorrendo todos os dias. A escravidão foi abolida nos EUA em 1865, quando vários outros países latino-americanos já haviam se antecipado, de maneira muito significativa com Simon Bolívar, mas a segregação oficial americana perseverou até 1964, sendo que a discriminação nunca se encerrou.</div>
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<br /></div>
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Os americanos gostariam de pensar que vivem num país equânime e igualitário, mas, na realidade, existem várias Américas, a dos brancos, a dos negros, a dos latino-americanos, a dos chineses, a dos nativo-americanos, e a de todas as demais minorias étnicas.</div>
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<br /></div>
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A América fragmentária e desigual gostaria de ver-se espelhada em filmes como "Lincoln", mas, nas ruas, os guetos continuam sendo a evidência inquestionável que eles podem estar juntos, mas separados, num Apartheid invisível de discriminação que mina cotidianamente a vida dos americanos.</div>
Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-40791095750258844952013-02-12T19:15:00.000-02:002013-02-12T19:15:04.054-02:00O Massacre da Serra Elétrica (1974)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/0/07/TheTexasChainSawMassacre-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/0/07/TheTexasChainSawMassacre-poster.jpg" width="257" /></a></div>
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<br /></div>
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Apesar do título horrendo, "O Massacre da Serra Elétrica" é muito mais sutil do que isto, ou melhor, sutil até a metade do filme.</div>
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<br /></div>
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Poucos assassinos tiveram uma influência tão poderosa no inconsciente de uma nação quanto Ed Gein, um sociopata famoso por vestir as peles de suas vítimas, ou de corpos que ele desencavava do cemitério, também criando mobílias com partes humanas.</div>
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A história deste maníaco serviu de inspiração para o cinema várias vezes, com produções bastante distintas como "Psicose" de Hitchcock, "O Silêncio dos Inocentes" e também para "O Massacre da Serra Elétrica".</div>
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O que estes três filmes tem em comum é um psicopata isolado, oprimido por uma forte figura materna e que tem fixação por cadáveres. Todavia, as abordagens são totalmente diferentes, desde um thriller policial até um filme de terror com requintes de crueldade como este de 1974.</div>
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<br /></div>
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A trama começa despretensiosa, com alguns amigos viajando pelo Texas para visitar a casa onde os avós de uns deles moravam. No caminho, dão carona para um sujeito estranhíssimo, o que já prenuncia o tom do que virá por diante. Depois de se livrarem do caronista doidão, eles encontram a casa abandonada dos avós, sem terem ideia que, ali perto, morte e carnificina os aguardam.</div>
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<br /></div>
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"O Massacre da Serra Elétrica" segue num crescendo sufocante, com as primeiras mortes ocorrendo tão naturalmente que nem temos muita consciência do que se sucederá. No entanto, na medida em que todos vão morrendo, somos surpreendidos pela cena mais assustadora de todas, na escuridão, com o maníaco com a serra elétrica na mão correndo atrás da mocinha.</div>
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Algo que se tentou fazer muito no cinema, geralmente sem competência, mas que. neste filme, é de deixar o espectador tremendo de tamanha angústia.</div>
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<br /></div>
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O enredo é trivial e se tornou um clichê com o passar do tempo. No entanto, não é a história que torna "O Massacre da Serra Elétrica" um dos clássicos do terror, mas o poder da maldade humana, a crueldade que habita, de alguma maneira, em todas as pessoas. E também a capacidade de retratar esta maldade no cinema, de maneira tão realista e terrível, como raras vezes se logrou.</div>
Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-16940908958227091922013-02-11T18:00:00.000-02:002013-02-11T18:00:43.908-02:00Suspiria (1977)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/c/cd/SuspiriaItaly.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/c/cd/SuspiriaItaly.jpg" /></a></div>
<br />
É possível que um filme de terror seja, ao mesmo tempo, uma obra de Arte?<br />
<br />
Talvez esta tenha sido a intenção do diretor italiano Dario Argento quando concebeu e realizou seu maior clássico, "Suspiria", de 1977.<br />
<br />
Neste filme, acompanhamos a viagem da bailarina nova-iorquina Suzy Banyon até a Alemanha, para estudar dança numa renomada academia. No entanto, eventos muito estranho estão ocorrendo pelos corredores da academia e, assim que Suzy chega ali, já é saudada por um trágico assassinato que vitimou duas bailarinas.<br />
<br />
Eu não consideraria "Suspiria" um dos filmes mais assustadores que já vi, longe disto inclusive. Há fortes cenas de horror, como o mencionado assassinato logo no começo, e há um clima constante de tensão, no entanto, o que distingue esta obra de Argento de vários outros do gênero é o cuidado absurdo aos detalhes, aos pontos de vistas, aos ângulos inusitados de câmera, à iluminação, à trilha sonora maestral, aos planos-sequências.<br />
Tudo em "Suspiria" exala a centelha de um artista, que se revela em cada aspecto aparentemente insignificante.<br />
<br />
A atuação é medíocre, porém compensada por toda a qualidade técnica da produção, comparável às de Kubrick ou de Roman Polanski.<br />
<br />
"Suspiria" é um dos clássicos do cinema de horror, mas também é uma importante obra entre todos os gêneros.<br />
Um pesadelo em forma de filme.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-17911988336625647812013-02-10T19:23:00.001-02:002013-02-11T18:07:37.062-02:00Mama (2013)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://ia.media-imdb.com/images/M/MV5BMTM5MjIwNDAwMl5BMl5BanBnXkFtZTcwNzQyOTY0OA@@._V1_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://ia.media-imdb.com/images/M/MV5BMTM5MjIwNDAwMl5BMl5BanBnXkFtZTcwNzQyOTY0OA@@._V1_.jpg" width="252" /></a></div>
<br />
Eu me arriscaria a dizer que, em nossos tempos, um dos gêneros cinematográficos mais exigentes e difíceis de serem realizados com competência é o Terror.<br />
<br />
Cada grande filme estabelece um padrão de qualidade difícil de ser superado e, ao observarmos em retrospecto, é complicado ser assustador depois de clássicos como "O Exorcista", "A Noite dos Mortos Vivos", "O Chamado", "A Profecia" ou "O Iluminado".<br />
<br />
Vez ou outra, aparece alguma nova história que transcende esta tradição, mas, na maioria dos casos, vemos apenas o mesmo digerido, regurgitado e reembalado.<br />
<br />
Em "Mama", temos uma premissa bastante interessante. Após um acidente, duas garotas são criadas num casebre no meio do mato por uma estranha entidade. Com o passar dos anos, elas mesmas acabam se tornando criaturas tão assustadoras quanto o monstro que cuidou delas, até que, enfim, o tio das meninas consegue encontrá-las, tentando reinseri-las na sociedade.<br />
Só que o monstro, a mamãe do título, vem junto, para atormentar.<br />
<br />
Faltou ousadia para este filme se tornar bom. Recheado com todos os clichês hollywoodianos e movido basicamente pelas mesmas técnicas de terror de sempre - a trilha sonora, os sustos, vultos e sombras -, "Mama" é decepcionante, pois não assusta, o que é o maior fracassso para um filme deste gênero, nem convence.<br />
<br />
Uma execução pobre que comprometeu uma ideia bastante promissora.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-33266560488802075952013-01-22T20:48:00.001-02:002013-01-22T20:48:41.915-02:00O Voo (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/0/0e/Flight_film_poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/0/0e/Flight_film_poster.jpg" width="216" /></a></div>
<br />
Antes de tudo, não se engane. Este filme não é sobre aviação, nem sobre um acidente aéreo, ou sobre as investigações posteriores.<br />
<br />
"O Voo" é um filme sobre alcoolismo e as consequências desta doença na vida das pessoas, seja do próprio alcoólatra, seja de seus parentes ou das demais pessoas que podem ser postas em riscos por este vício.<br />
<br />
Denzel Washington é o comandante William Whitaker, um piloto que se envolve num acidente de avião e, por um ato milagroso, consegue salvar quase todos os passageiros da morte certa. Apesar de ter sido uma falha mecânica, Whitaker começa a ser investigado, pois encontraram indícios que ele poderia estar alcoolizado.<br />
<br />
A trama desenvolve-se abordando, principalmente, a luta do piloto, ou melhor, sua negação diante de seu vício. Ele não reconhece o perigo que representa para si próprio, ou para os outros, e, ao longo das duas horas deste filme, acompanhamos sua trajetória para erguer-se do poço e reconstruir sua vida.<br />
<br />
Sinceramente, não entendi toda a pirotecnia envolvendo um acidente aéreo, pois isto é totalmente irrelevante para a história. Whitaker poderia ser um motorista de ônibus, um torneiro mecânico, ou realizar qualquer outra profissão ordinária. Há alcoólatras em todas as classes sociais, atingindo todos os tipos de famílias, mas talvez a opção por um piloto comercial envolva toda a responsabilidade, na tentativa de criar uma tensão entre heroísmo e culpa, entre um ato de bravura e um comportamento autodestrutivo.<br />
<br />
Mesmo sendo fã de Denzel Washington, o desempenho dele em "O Voo" foi mediano, aliás, alguns cacoetes de interpretação que já haviam se manifestado em outros filmes, como em "Hurricane" ou "O Gângster", se tornam evidentes demais para passarem despercebidos.<br />
<br />
O desfecho é um anticlímax, tão piegas (e evidente) que não tem nenhum efeito emocional. "O Voo" é um filme panfletário demais para ser eficientes, ou para causar algum tipo de reflexão profunda.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/DoMfqJg1ETs?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-28155871706959533802013-01-18T09:39:00.000-02:002013-01-18T12:25:27.351-02:00A Hora Mais Escura (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/thumb/7/74/Poster_de_A_Hora_Mais_Escura.jpg/225px-Poster_de_A_Hora_Mais_Escura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/thumb/7/74/Poster_de_A_Hora_Mais_Escura.jpg/225px-Poster_de_A_Hora_Mais_Escura.jpg" width="216" /></a></div>
<br />
No mundo ideal dos norte-americanos, o bandido morre no final. É a máxima "olho por olho, dente por dente" aplicado ao pé da letra, somente a vingança apaga o ultraje feito.<br />
<br />
Veja qualquer filme policial, faroeste ou de ação. Raramente o vilão é preso, julgado e condenado. Na maioria esmagadora dos casos, o criminoso é executado pelos mocinhos, ou acaba morrendo tentando fugir. Somente a morte apaga o crime, somente a execução é a justa medida da compensação.<br />
<br />
O maior atentado terrorista em solo americano, o terrível ataque de 11 de setembro de 2001, expôs para os EUA e para o resto do mundo a fragilidade de um sistema e, principalmente, de uma mentalidade. A América conquistou a hegemonia econômica, política e militar durante o século XX, e criou muitos inimigos neste percurso, inclusive, convertendo aliados em antagonistas.<br />
<br />
Osama Bin Laden foi um dos líderes treinados pela CIA, o serviço secreto americano, para ajudar os EUA numa guerra desigual contra a União Soviética, que invadia com seus tanques e helicópteros o árido e inóspito Afeganistão. No jogo da Guerra Fria, tanto os EUA quanto a URSS utilizavam países e governos aliados como peças num jogo de xadrez, sacrificando-os como se fossem peões na linha de frente.<br />
Uma vez concluído um dos conflitos, como ocorreu na Coréia, no Vietnã, ou no Afeganistão, as duas potências abandonavam o palco da guerra, deixando toda a devastação e miséria para trás, sem consideração alguma por aqueles que um dia ajudaram-nos a defendem seus interesses imperialistas.<br />
<br />
Bin Laden foi a cobra que picou a mão que a alimentou, mas, principalmente, a mão que abandonou os afegãos à própria sorte. Na mentalidade dos fundamentalistas islâmicos, e principalmente da Al Qaeda, a organização terrorista encabeçada por Bin Laden, todos os atos terroristas perpetrados contra os EUA e seus aliados são retaliações, são ações de vingança contra uma nação que não possui respeito algum pelo resto do mundo.<br />
<br />
O terrorismo é a forma de guerra mais eficaz no século XXI, pois um homem-bomba pode gerar pânico num país inteiro. Contra indivíduos fanáticos, dispostos a tirar a própria vida por um ideal, não há exército capaz de derrotá-los. Morre um, e vinte se erguem para substituí-los. E esta é uma lógica que os EUA ainda não compreendeu.<br />
<br />
Mas esta não é a história de "A Hora Mais Escura", dirigido por Kathryn Bigelow, a mesma por detrás de "Guerra ao Terror", um filme marcado por seu realismo sobre o cotidiano de tropas americanas no Oriente Médio.<br />
Em "A Hora Mais Escura", acompanhamos o trabalho de uma agente da CIA no Paquistão, obcecada em rastrear e "capturar" Bin Laden. Entendamos esta "captura" como execução, o bom fim de todo bandido perigoso.<br />
<br />
É difícil compreender a mensagem deste filme, onde exatamente ele quer nos levar. Para honrar e preservar a dignidade e a vida dos americanos, estes estão dispostos a torturar, humilhar e matar qualquer um que esteja em seu caminho. Inclusive, a tortura parece ser uma instituição nos interrogatórios da CIA no exterior, como sugere "A Hora Mais Escura". Não há um único membro da Al Qaeda que não seja, ou não tenha sido, torturado ao longo do filme e isto é um sintoma que, na luta contra o Terror, existem terroristas nos dois lados desta história. Um exemplo clássico do "mocinho" que se perde em sua trilha por vingança. Mesmo que nem possamos falar em mocinhos neste caso, pois tanto os EUA quanto os terroristas tem suas doses de crimes hediondos nas costas.<br />
<br />
Conhecemos parte, ou boa parte, de como foi a operação de execução de Bin Laden. Os americanos descobriram seu paradeiro no Paquistão ao investigarem seu mensageiro pessoal, depois, bastou enviar uma tropa de elite para invadir o complexo e matar todos aqueles que reagissem, ou que esboçassem alguma reação, incluindo o próprio Bin Laden.<br />
O que não sabíamos era toda a trajetória de investigação, a corrida frenética por pistas e evidências, para encontrarem o "homem mais perigoso do mundo".<br />
<br />
Osama Bin Laden está morto, o vilão morreu no final. No entanto, quantos o substituirão, quantos não serão aqueles que se prontificação a se matarem para vingar o assassinato do líder?<br />
<br />
Talvez a "Hora Mais Escura" não seja o final, mas apenas um novo começo, ou apenas mais um capítulo horroroso desta guerra suja e sem trégua.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/Sy05M9HcK6I?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-19774294915267993942013-01-13T09:35:00.000-02:002013-01-13T19:36:12.785-02:00Django Livre (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/8b/Django_Unchained_Poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/8/8b/Django_Unchained_Poster.jpg" width="215" /></a></div>
<br />
É difícil ser original quando se trata de faroestes, aliás, arrisco-me a dizer que é quase impossível.<br />
Porém, as pretensões de Tarantino nunca foram a de ser original, como ele mesmo já afirmou claramente durante sua carreira. Os filmes de Tarantino são recortes, uma coleção de cenas, histórias e contextos que ele, como cinéfilo inveterado, admira no cinema.<br />
<br />
Tarantino suga indiscriminadamente de todas as fontes, dos filmes mais cults aos mais blockbusters, pois, para ele, qualquer bom filme pode ser uma inspiração. No entanto, se este diretor fosse um mero parasita, simplesmente copiando, ou parodiando, filmes alheios, ele não teria conquistado o reconhecimento merecido. Tarantino digere e regurgita tudo dentro de sua violenta e brutal visão de mundo. Para Tarantino, viver é sobreviver, e sobreviver implica em livrar-se de todos aqueles que se interpõem no caminho, libertando-se de todas as amarras, como Django (<i>Jamie Foxx</i>), um ex-escravo que se torna caçador de recompensas.<br />
<br />
Podemos dizer que tudo levou Tarantino a este filme. Sem dúvida, ele é um grande apreciador do gênero faroeste, como quase todos seus filmes anteriores apontam. Assim como Kurosawa, que transplantou a dinâmica dos western para os samurais do Japão Feudal, Tarantino deu um jeito de tornar muitos de seus filmes num faroeste travestido. Estes são os casos de <i>Kill Bill</i>, de <i>Bastardos Inglórios</i> e, em menor escala, <i>À Prova de Morte</i>.<br />
Os faroestes possuem uma linguagem muito particular e característica. Geralmente, há um protagonista heróico de moral duvidosa, pois, no Oeste selvagem, não há espaço para fracos. Matar ou morrer depende de ser mais rápido e de não hesitar. Há vilões terríveis, por isto, o mocinho precisa também ser implacável.<br />
Tarantino se apropria deste gênero com maestria e ele prefere não inovar, talvez excetuando pelo estranho personagem Doutor King Schultz (Christoph Waltz, uma cara que se tornou conhecida internacionalmente depois de ter aparecido como o oficial da Gestapo em <i>Bastardos Inglórios</i> e levado um Óscar de melhor ator coadjuvante por este papel). Não é sempre que vemos um caçador de recompensas alemão num filme de bang-bang, muito menos um personagem que traga uma nova perspectiva sobre temas tão cruciais quanto o escravagismo.<br />
Dr. Schultz é a visão externa sobre uma situação que muitos nem se dão conta. Para ele, a escravidão é uma abominação, sensação que se acentua no decorrer do filme. É ele quem compra e depois liberta Django. É ele quem descobre o incrível talento de Django com armas de foto e convida-o para ser seu parceiro. É ele quem decide ajudar Django a resgatar sua esposa, uma escrava chamada Brunhilda e que aprendeu alemão para conversar com sua "sinhá".<br />
<br />
"Django Livre" é um filme para os fãs de faroeste, disto não tenho dúvida. No entanto, antes de tudo, é também para aqueles que reconhecem o incrível trabalho de Tarantino em revitalizar gêneros e enredos, em revelar como até o divertimento mais banal pode possuir uma enorme carga dramática e - por que não? - também nos levar a ponderar sobre a inata brutalidade humana.<br />
Com trilha sonora de Enio Morriconi, um dos maiores compositores italianos e cujo trabalho está presente em vários<i> spaghetti westerns</i>, "Django Livre" é diversão garantida, com muitos tiroteios, sangue e extraordinários diálogos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/tivv135aGbc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-2143770222807464792013-01-07T17:04:00.000-02:002013-01-07T17:04:06.291-02:00Hitchcock (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/3/3e/Hitchcock_film_poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/3/3e/Hitchcock_film_poster.jpg" /></a></div>
<br />
Que Alfred Hitchcock foi o maior mestre do Suspense e do Mistério do cinema, isto não é novidade para ninguém.<br />
No entanto, que seu braço-direito, desde o início de sua bem-sucedida carreira como diretor, era a sua esposa, Alma Reville, bem poucos sabem. Ela era a palavra final na hora de escolher um roteiro para adaptação, auxiliava na direção e também tinha um olho clínico para editar os filmes do marido.<br />
<br />
E menos pessoas ainda conhecem as dificuldades que Hitchcock e Alma tiveram de enfrentar para produzirem o maior clássico de suspense de todos os tempos, "Psicose".<br />
<br />
Este é o tema de "Hitchcock", estrelado por Anthony Hopkins no papel de Alfred Hitchcock, Hellen Mirren no de Alma, e Scarlett Johansson no de Janet Leigh, uma das estrelas de "Psicose".<br />
<br />
O ritmo do filme é um pouco lento, mas há boas cenas com um humor ácido e inteligente, e esquenta para valer perto do final, quando Hitchcock e Alma vão para a sala de edição para prepararem a última versão de "Psicose".<br />
<br />
Sem dúvida, o grande mérito de "Hitchcock" é o vislumbre na vida privada e não-convencial deste gênio e de como, nos momentos de maiores dificuldades, necessitamos do apoio daqueles que amamos.<br />
Não é exatamente um filme para todos os públicos, voltado principalmente para os amantes do cinema, aqueles mais interessados em alguns aspectos técnicos por detrás da câmera, e também para os apreciadores da filmografia de Hitchcock.<br />
Alguém que nunca tenha assistido a versão original de "Psicose" perde boa parte da diversão e, se também não conhecer um pouco da bizarra história de Ed Gein, o assassino que inspirou tanto o livro quanto o filme (e também serviu de inspiração para "O Silêncio dos Inocentes"), ficará sem entender certas referências.<br />
<br />
A atuação de Anthony Hopkins é brilhante, mas, às vezes, debaixo de toda aquela maquiagem, ele se parece mais a Marlon Brando no final de carreira do que com Hitchcock de fato.<br />
<br />
Um filme muito divertido para os amantes da sétima arte.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/0Lc6HIsh1FE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-42985921215180370992012-12-30T19:29:00.000-02:002012-12-30T19:29:33.445-02:00O Impossível (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/b/b8/The_Impossible.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/b/b8/The_Impossible.jpg" width="225" /></a></div>
<br />
O maremoto de 2004 no Sudeste Asiático foi a maior catástrofe natural que a minha geração assistiu até o momento. Estima-se que mais de 230 mil pessoas morreram por causa das ondas gigantescas, algumas com até 30 metros de altura, e, posteriormente, pelas consequências devastadoras do desastre.<br />
<br />
Por isto que assistir a um filme como "O Impossível" seja tão incômodo e angustiante. Muitos de nós vimos, nos telejornais, intermináveis imagens do mar invadindo e varrendo do mapa cidades. Não se trata apenas de uma história de sobrevivência, mas principalmente de uma história de morte e destruição, que dizimou lares e famílias inteiras.<br />
<br />
O ponto de vista é de uma família de estrangeiros, em viagem de férias à Tailândia, inspirado numa história verídica. A estrutura da narrativa é tradicionalíssima: no começo é só felicidade e diversão, até que a onda arrasadora do tsunami surge para mudar a vida daquelas pessoas para sempre.<br />
Durante a primeira parte da trama, acompanhamos a luta de Maria (<i>Naomi Watts</i>), primeiro para sobreviver à inundação, depois para salvar seu filho Lucas e, por fim, sobreviverem ao inconcebível, ou, ao impossível que dá nome ao filme.<br />
Na segunda parte, o foco se transfere para Henry (<i>Ewan McGregor</i>), o marido, que com os outros dois filhos, tentam manter a esperança de encontrar a esposa e Lucas ainda vivos.<br />
<br />
Há dois aspectos que tornam o filme inconveniente: 1 - há uma fixação quase macabra em apresentar as feridas e a agonia dos personagens, de modo que chega a ser repugnante; e 2 - num nível mais intelectual, a história não possui profundidade.<br />
<br />
Assim, deixei a sala de cinema com um misto de emoções, por um lado, "O Impossível" é um belo trabalho de reconstrução desta catástrofe, por outro, não possui uma mensagem muito clara que justifique sua existência.<br />
<br />
Convenhamos que nem todos os filmes precisam ter uma mensagem, alguns podem ser mero entretenimento, sem nenhuma pretensão de ensinar algo às pessoas, porém, esta não me parece ser a proposta de "O Impossível", que pouco tem de entretenimento, inclusive, exaure o espectador com tantas desgraças.<br />
<br />
No fundo, é uma história de sobrevivência, do animal humano que somos, e de como, em meio à tanta devastação, ainda é possível encontrar pessoas caridosas e compassivas, assim como egoístas que não dão a mínima para o sofrimento alheio.<br />
<br />
Realmente, eu preferiria uma abordagem mais ampla, não apenas centrada em turistas ocidentais que, uma vez que embarquem num avião, estarão longe de toda a ruína causada pelo tsunami. Adoraria ter a perspectiva dos tailandeses e dos indonésios, que levariam anos para reconstruírem suas vidas, para sepultarem todos seus mortos e cicatrizarem todas suas feridas.<br />
<br />
"O Impossível" é um filme bem executado, no entanto, brutal e sem propósito. Substitua o tsunami pelo King Kong ou pelo Godzilla, e você tem um <i>blockbuster </i>hollywoodiano, contudo, neste caso, há um sofrimento gratuito e interminável, sem a diversão dos americanos lançando bombas numa criatura horrenda.<br />
O final não significa o fim da dor, mas apenas a certeza da falta de propósito de nossas existências e também a constatação que, na luta nossa contra a natureza, somos a parte mais frágil e indefesa.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-22829051958438308622012-12-26T16:42:00.000-02:002012-12-26T21:37:25.830-02:00Les Misérables - O Musical (2012)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-W5jjqwDAXso/UNsixw_G_FI/AAAAAAAABsE/c5bwiGF__yw/s1600/les_miserables_ver11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-W5jjqwDAXso/UNsixw_G_FI/AAAAAAAABsE/c5bwiGF__yw/s320/les_miserables_ver11.jpg" width="236" /></a></div>
<br />
Poucos romances se tornaram tão revelantes e universais ao longo dos séculos como "Les Misérables", de Victor Hugo.<br />
Terrivelmente atual em 1862, quando foi publicado originalmente numa França turbulenta, ainda esmagada pelas sombras da Revolução, de seus subsequentes Anos de Terror e frequentes revoltas e tumultos.<br />
O lema iluminista de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" serviu de inspiração para outros movimentos revolucionários ao redor do mundo e moldou os princípios que viriam a nortear a Modernidade.<br />
Victor Hugo era um dos filhos da Revolução e seus livros são quase monografias, defendendo algumas teses bastante evidentes.<br />
<br />
Em "Les Misérables", dois temas se cruzam e dialogam: o primeiro, do ex-prisioneiro Jean Valjean, condenado a 19 anos de trabalho forçado e que, ao tentar se reintegrar à sociedade, é perseguido por um oficial da Lei, Javert, um sujeito que não acredita que um bandido possa se recuperar; o segundo, é o do próprio espírito revolucionário, das batalhas necessárias que devemos empreender pela causa da justiça, mesmo que isto nos custe a vida.<br />
O fato é que não é fácil resumir uma obra que se estende por muitas centenas de páginas em seus cinco volumes, muito menos é a tarefa de adaptá-la para o cinema ou para um musical.<br />
<br />
Mesmo assim, "Les Misérables" já foi transposto para o cinema, TV e teatro várias dezenas de vezes, sendo que a melhor adaptação que já vi foi de uma série televisiva com Gérard Depardieu no papel de Jean Valjean, e John Malkovich no de Javert. Em suas 6 horas, há tempo o bastante para explorar a complexidade da obra de Hugo, ainda que não seja o suficiente para explorar todas as sutilezas.<br />
<br />
Talvez por isto que a adaptação para um musical, primeiro em Paris, depois em Londres e Nova York, tenha sido recebida com reações negativas da crítica, apesar do sucesso popular.<br />
Pois "Les Miserábles" ainda continua atual, ainda fala sobre os injustiçados, os pobres e esquecidos, sobre aqueles que não tiveram oportunidades, para quem falta um teto ou comida e que acabam tendo que se rebaixar aos mais profundos dos poços, abrindo mão da dignidade e daquela centelha de moral que nos caracteriza como humanos.<br />
Victor Hugo escreveu sobre os pobres e miseráveis de uma França oprimida pela ganância e indiferença de monarcas e governantes, mas hoje poderia estar escrevendo sobre os soropositivos esquecidos de rincões da África, ou sobre as prostitutas infantis nas favelas de Mumbai, pois a miséria ainda está viva, ainda está presente em nossa sociedade.<br />
<br />
O musical preserva a essência da obra de Victor Hugo, apesar de suas muitas pontas soltas. Através da música é possível expressar emoções que nenhuma cena ou descrição são capazes, e é nesta tecla que bate "Les Misérables - O Musical".<br />
<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/YzhibXpLY4Y?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
Eu não era um grande fã de musicais, logo confesso, por isto, não fui ver "Le Miz" na Broadway. Tornei-me um apreciador posteriormente, quando a peça já não estava mais em cartaz. Por isto, esperei ansioso a ousada adaptação deste musical para o cinema, dirigida pelo britânico Tom Hooper.<br />
O elenco não era dos mais estimulantes. Excetuando Hugh Jackman, que iniciou sua carreira em musicais e se consagrou em West End, eu não associaria nenhum dos outros grandes nomes do elenco principal, como Anne Hathaway e Russel Crowe, com um musical.<br />
Nada poderia me preparar para o (talvez) maior fenômeno cinematográfico dos últimos anos.<br />
<br />
O maior mérito não está na adaptação, nem neste enredo tão conhecido, mas na inovação na hora de gravar as trilhas musicais. Ao invés do habitual, de realizar a gravação das canções em estúdio e depois tocá-las em <i>playback </i>no set de filmagem para que os atores sincronizassem as vozes, o diretor optou por gravar as trilhas ao vivo, durante as próprias cenas.<br />
Isto pode parecer um detalhe insignificante, porém proporcionou um realismo e uma carga dramática às performances como jamais vi antes em um musical. Depois disto, estas mesmas canções em estúdio parecem desprovidas de alma.<br />
<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/KCPoIsi8m08?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
A melhor atuação de todas é, sem dúvida, do desespero de Fantine (<i>Anne Hathaway</i>) ao atingir a pior degradação possível. Após, é impossível pensar na canção <i>"The dream I dreamed"</i> sem ser na voz dela.<br />
Por outro lado, como era de se esperar, Hugh Jackman não decepciona, com alguns momentos de brilhantismo e, por incrível que pareça, até Russel Crowe mostra a que veio. Já a grande surpresa foi a estreante Samantha Barks, no papel de Éponine, possivelmente a maior revelação deste filme.<br />
<br />
Esta nova versão de "Les Misérables" quer que nós nos sintamos deploráveis, até culpados por termos comida na mesa todos os dias e ainda assim reclamarmos por causa de dinheiro. Talvez esta tenha sido exatamente a intenção principal de Victor Hugo em sua época, estapear a cara da burguesia francesa que enchia seus cofres, enquanto nas portas de suas casas pessoas morriam de fome.<br />
Talvez os miseráveis sejamos realmente nós, com os corações endurecidos, incapazes de enxergar um palmo diante dos olhos, sem nos compadecermos com o real sofrimento dos outros.<br />
A Literatura não tem, nem deve ter, obrigação de ser educativa, mas, sem dúvida, há muito a se aprender com os sofrimentos de Jean Valjean, Fantine, da pequena Cosette e de toda a legião de necessitados que bate às nossas portas.<br />
Quiçá o grande poder da escrita seja o de atravessar séculos e mais séculos e ainda nos tocar diretamente, revelando-nos, às vezes, que aquilo a que damos tanto valor nem sempre é que há de mais valioso.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-42985242412122267372012-10-28T12:56:00.002-02:002012-10-28T12:58:12.659-02:00Revista SAMIZDAT é Top 100 do Topblog 2012. Ajude-nos, votando!<br />
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Obrigado,<br />
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Henry Alfred Bugalho<br />
<i>editor</i><br />
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Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-89632530671997512512012-03-01T21:52:00.000-03:002012-03-01T21:52:06.860-03:00Arte não é o que você pensa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
Em janeiro de 2007, o jornal <i>The Washington Post</i> resolveu fazer um experimento: convidaram um dos maiores violinistas da atualidade para tocar no metrô da capital dos EUA e ver no que dava, e gravaram com uma câmera escondida o resultado.<br />
<br />
A expectativa era que o músico e seu violino Stradivarius valendo 3,5 milhões de dólares atraísse muita gente e que sua apresentação de quase uma hora rendesse uns bons trocados.<br />
Todavia, o desfecho foi bastante diferente do esperado. Quase ninguém parou para ouvi-lo, ele ganhou míseros 32,17 dólares e ergueu-se a indagação: por que quase ninguém foi capaz de reconhecer a habilidade de um prodígio do violino?<br />
<br />
O artigo do Post, <a href="http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/04/04/AR2007040401721.html" target="_blank"><i>Pearls Before Breakfast</i></a>, para quem souber inglês, é longo e discorre sobre a natureza da Arte. Sugere-se que se isto ocorresse na Europa, o público seria maior; uma engraxate brasileira até supõe que os brasileiros teriam sido mais receptivos; e culpou-se inevitavelmente o ritmo frenético do mundo contemporâneo.<br />
<br />
No entanto, a Arte não é o que pensamos, nem o que os poetas cantam. A Arte não é uma coisa objetiva e palpável, de fácil determinação, que se possa apontar o dedo e afirmar categoricamente: "isto é uma obra de arte, sem sombra de dúvida".<br />
<br />
A Arte é uma questão de contexto, de tempo e espaço. A Arte é uma convenção.<br />
<br />
O violinista estava no lugar errado e na hora errada. Ninguém está interessado em ouvir música clássica na passagem de entrada do metrô, aliás, são bem poucos os que apreciam música erudita em nossos dias.<br />
Arranque a obra de arte de seu contexto, neste caso dos grandes salões de concerto, e ela perderá grande parte de sua relevância, a não ser para aqueles que realmente a apreciam e a reconhecem.<br />
<br />
Esta divisão, entre o mundo sagrado e profano, ou entre a alta e baixa cultura, existe desde sempre. Selecione qualquer grande pintura em um museu e dependure-a num tapume de uma construção que seu valor imediatamente desaparecerá, e quase qualquer transeunte deixará de identificar sua importância. Imprima qualquer obra de um escritor de renome e distribua em panfletos em esquinas de grandes cidades, e verá que o destino será a lixeira mais próxima.<br />
<br />
A Arte é o reconhecimento de determinada criação como Arte, e isto depende de várias instâncias de legitimação, como um museu, um teatro, uma livraria ou uma sala de cinema, e dos críticos, da imprensa e de acadêmicos. Arranque a obra de arte de seu contexto de legitimação, jogue-a na rua, no domínio do profano, e poucos lhe darão valor.<br />
Mas se você fizer o caminho inverso, como Duchamps que leva um mictório de um banheiro público para um museu, numa crítica evidente ao que é Arte, você também romperá estes limites, dotando de sentido um objeto totalmente ignorado na vida corriqueira.<br />
<br />
A qualidade da Arte não é intrínsica, é coletiva. Se houvessem espalhado o rumor que um dos maiores violinistas dos EUA estava tocando no metrô, a situação seria diferente, pois as pessoas tendem a valorizar o que outros valorizam. Se houvessem contratado uma dúzia de figurantes para se acercarem do músico, outros teriam parado para escutá-lo, pois se tanta gente se interessou, é porque deve ser bom.<br />
No fundo, não basta tanto ser competente ou talentoso, é preciso que os outros se convençam disto e que estes convençam também os demais.<br />
<br />
E esta é a maior dificuldade de qualquer artista em início de carreira, como atrair a atenção dos pedestres que passam por nós, todos imersos em suas próprias preocupações cotidianas, divididos por tantas outras atrações ao redor?<br />
Como revelar aos outros o valor daquilo a que damos tanto valor, sendo que este valor depende necessariamente do reconhecimento coletivo?<br />
<br />
A obra de arte não é o resultado de trabalho de gênios, de sujeitos inspirados, não é evidente e universalmente aceita. É cultural, é localizada, é intangível e temporal. O que é Arte hoje pode não sê-lo amanhã, e só reconhecemos a Arte de ontem graças à instâncias de legitimação que a preservam e que canonizam alguns artistas, enquanto olvidam arbitrariamente outros.<br />
<br />
A Arte não é o que você pensa.<br />
<br />
(publicado originalmente em <a href="http://blogdoescritor.oficinaeditora.com/2012/02/arte-nao-e-o-que-voce-pensa.html" target="_blank">http://blogdoescritor.oficinaeditora.com/2012/02/arte-nao-e-o-que-voce-pensa.html</a>)Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-995898052815665092012-02-25T15:42:00.001-02:002012-02-25T15:45:56.398-02:00Sherlock Holmes (2009)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/e/e0/Sherlock_holmes_ver5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/e/e0/Sherlock_holmes_ver5.jpg" width="212" /></a></div><br />
Para qualquer um habituado aos livros de Arthur Conan Doyle, o criador do legendário personagem Sherlock Holmes, esta adaptação mais recente para o cinema é uma aberração.<br />
<br />
Um personagem reconhecido por sua capacidade dedutiva, por sua astúcia e frieza de raciocínio se converteu num desajustado violento e que não possui nenhum tipo de empatia, quase um Wolverine vitoriano.<br />
<br />
No fundo, tanto fazia se os protagonistas se chamassem detetive Arthur e doutor William, já que até o próprio doutor Watson, companheiro inseparável de Holmes, se tornou irreconhecível nesta adaptação, de um sujeito cauteloso e até um pouco titubeante, Watson agora é um lutador impecável e destemido, ou seja, quase o oposto do personagem original.<br />
<br />
Quem assiste ao "Sherlock Holmes" dirigido por Guy Ritchie está vendo qualquer coisa além do que concebeu Conan Doyle, o que se pode perceber logo na primeira cena do filme, e isto é ruim e bom ao mesmo tempo.<br />
<br />
A trama beira o sobrenatural, com Lord Blackwood, um assassino satanista temido por todos os londrinos, como o grande vilão. Holmes (Robert Downey Jr.) e Watson (Jude Law) são quem primeiro conseguem prendê-lo, evitando assim mais uma morte e Lord Blackwood acaba na forca.<br />
O mistério realmente se acentua quando Blackwood volta dos mortos, decidido a dominar o mundo. Obviamente que resta a Holmes e a seu colega desvendarem o que pode ter ocorrido e encontrarem uma solução lógica para este enigma, com um enredo todo recheado de cenas de ação, lutas, tiroteios e explosões, numa estratégia típica do século XXI para atrair o público.<br />
<br />
O filme é muito divertido e com reviravoltas curiosas, bastante ao estilo habitual de Guy Ritchie, mas o que incomoda é a distorção de um personagem clássico, mundialmente conhecido e reconhecido, e desintegrá-lo.<br />
Será que o personagem original não seria interessante o bastante para protagonizar um filme para o público de hoje, sem a necessidade de acrobacias fenomenais, cenas de pugilato e outras pirotecnias?<br />
<br />
Li pela primeira vez os livros de Sherlock Holmes quando tinhas uns 15 anos e lembro-me que fiquei deslumbrado com aquele personagem brilhante, que não necessitava da força bruta para solucionar os maiores problemas de sua época.<br />
Não seria uma mensagem igualmente eficaz hoje, ao invés de um sujeito que resolve tudo na porrada, com os músculos superando o cérebro?<br />
Ou se tornou impossível um filme que faça jus aos romances de mistério dedutivo, quando uma mente extraordinária é capaz de resolver crimes sem disparar um tiro sequer, nem dar uma voadora na cara do bandido?Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-74313141064385334612012-02-10T21:40:00.000-02:002012-02-10T21:40:19.061-02:00O Tesouro de Sierra Madre (1948)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/12/Treasuremadre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/12/Treasuremadre.jpg" width="206" /></a></div><br />
John Huston foi os um dos maiores diretores que já passou por Hollywood e trouxe para as telonas do cinema alguns clássicos como "O Falcão Maltês", "Moby Dick", "Os Desajustados" e "o Homem que queria ser rei".<br />
<br />
"O Tesouro de Sierra Madre" é um destes clássicos, que merecia ser assistido por qualquer um que aprecia um bom filme; é quase uma obrigação.<br />
<br />
Esta é a história de três homens em busca de riqueza no México, Dobbs (interpretado magistralmente por Humphrey Bogart), Curtin e Howard (papel dado ao pai do diretor, Walter Huston), que é o mais velho do três e o único com experiência de mineração de ouro.<br />
Os três empreendem uma viagem por um terristório inóspito até Sierra Madre, uma montanha que esconde em seu seio uma fortuna em ouro.<br />
<br />
Acima de tudo, "O Tesouro de Sierra Madre" é sobre ganância e a horrível natureza humana. A princípio, estimulados pela possibilidade de se tornarem homens ricos, os três amigos se comportam normalmente, com solidariedade até. No entanto, aos poucos, enquanto começam a acumular seus sacos de ouro, a relação se deteriora, um suspeitando do outro até o limite do insustentável.<br />
<br />
Quem se habituou à imagem do detetive durão de "O Falcão Maltês" ou do elegante Rick de "Casablanca", irá se surpreender com a incrível atuação de Borgart em "O Tesouro de Sierra Madre".<br />
Um roteiro inteligente, com uma bela fotografia e profundos diálogos, fazem deste filme um dos grandes exemplos de uma narração que tem desaparecido, capaz de mergulhar na escuridão mais secreta da alma humana e revelar como nós mesmo somos.<br />
<br />
"O Tesouro de Sierra Madre" é sobre nós, sobre a fragilidade da nossa moral e como as riquezas são capazes de corromper-nos, mas também é sobre a mão brincalhona do destino, sempre a virar nossas vidas de cabeça para baixo, de maneira imprevisível e surpreendente.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-7492752625489347182012-01-27T23:07:00.000-02:002012-01-27T23:07:30.301-02:00Cão Danado/Nora Inu (1949)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Nora_inu_poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Nora_inu_poster.jpg" width="292" /></a></div><br />
"Cão Danado/Nora Inu" é um filme de mistério noir dirigido por Akira Kurosawa em 1949, e como todos os filmes do gênero, é um mergulho no submundo e no lado escuro do ser humano.<br />
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No devastado Japão pós-guerra, assistimos ao desespero do policial novato Murakami (Toshirô Mifune), da divisão de homicídios, que tem sua pistola roubada dentro do ônibus. Apavorado pelas consequências disto, tanto pelo perigo de sua arma acabar causando alguma vítima quanto de ser repreendido por seus superiores, Murakami empreende uma jornada pelas vielas de Tóquio em busca do ladrão.<br />
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Para quem está habituado a ver toda a opulência e sofisticação do Japão contemporâneo, este vislumbre por um país arrasado pela guerra e por duas bombas atômicas é assustador, em parte pelos horrores da guerra, e em parte por ver a capacidade deste povo de se reerguer e se tornar, em pouquíssimo tempo, uma potência econômica, cultural e tecnológica.<br />
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"Cão Danado" é um filme fraco, lento e com longas cenas sem propósito evidente. A trilha sonora é tão deslocada e inconveniente que chega até a irritar, simplesmente é como se não fizesse parte do filme e fosse a interferência de alguma rádio pirata. Este é o terceiro filme da parceria Kurosawa/Mifune e o ator está quase irreconhecível, com uma atuação morna e inexpressiva.<br />
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E assim como em vários filmes do pós-guerra, tanto na Europa quanto na Ásia, há uma tendência em justificar o crime e a imoralidade a partir dos traumas ou da necessidade, em estreitar os limites do que é ser honesto ou criminoso.<br />
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Esta obra vale como um registro daqueles tempos turbulentos, mas é uma narrativa frouxa, sem grande apelo e que não faz jus às obras-primas posteriores de Kurosawa.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-5405980824851680112012-01-24T15:32:00.000-02:002012-01-24T15:32:35.894-02:00Harakiri (1962)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/f/fd/Harakiri_Poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/f/fd/Harakiri_Poster.jpg" width="225" /></a></div><br />
No Japão feudal, durante o shogunato dos Tokugawa em 1630, o ronin Hanshiro Tsugumo apresenta-se diante de um senhor, procurando um local apropriado para cometer <i>seppuku</i>, o ritual samurai de suicídio mais conhecido como harakiri no Ocidente.<br />
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Antes de tudo, "Harakiri" é um filme sobre a perda da honra. Através de vários flashbacks, primeiro de um harakiri realizado por um outro samurai, Motome Chijiiwa, depois quando Tsugumo conta sua própria história de miséria, acompanhamos uma crise da classe dos samurais quando o Japão foi pacificado, e muitos guerreiros acabaram se tornando ronins, vagando pelo país, sem senhor e sem sustento.<br />
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A primeira cena de seppuku, de Chijiiwa, é simplesmente impressionante, pois, por causa de sua pobreza, ele havia vendido suas espadas, consideradas a alma de um samurai, e subsituído-as por outras de bambu. O senhor do palácio, sabendo que muitos ronins batiam de porta em porta dos senhores, pedindo um local para realizarem seppuku, mas, no fundo, apenas esperando que alguém lhes dessem alguns trocados, resolve fazer o caso de Chijiiwa um exemplo, e obriga-o a se matar com sua espada de bambu.<br />
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Este mesmo senhor pensa que Tsugumo também é um destes ronins sem honra e sem verdadeira intenção de se matar, contando-lhe a história de Chijiiwa para tentar dissuadi-lo. No entanto, Tsugumo tem suas convicções e, como saberemos posteriormente, ele tem uma razão muito específica para cometer seppuku no interior daquele palácio.<br />
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A história de "Harakiri" é brilhante, que me fez recordar "Ladrões de Bicicleta" de Vittorio de Sicca. Tanto no filme japonês quanto naquele italiano, vislumbramos quão baixo um ser humano pode cair, e como neste desamparo estão dispostos a fazer qualquer coisa. Contudo, é também uma catártica trama de vingança e, eu lhe garanto, sentimo-nos vingados com o ato de Tsugumo!<br />
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A fotografia e a iluminação são perfeitas, às vezes até trazendo à mente a do teatro japonês, e os planos-sequências são uma competência que raras vezes se vê em nossos dias.<br />
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Posso dizer, sem hesitação, que foi o melhor filme de samurais que já assisti, daqueles que lhe prende na cadeira desde o primeiro segundo, e que continua reverberando em sua mente muitas horas depois.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-49127007558137863512012-01-22T22:49:00.000-02:002012-01-22T22:49:16.373-02:00À Prova de Morte (2007)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/e/e1/Death_Proof_(Netherlands).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/e/e1/Death_Proof_(Netherlands).jpg" width="215" /></a></div><br />
Podem falar o que quiser do diretor Quentin Tarantino, que ele abusa de cenas de violência gratuita, que seus filmes são repletos de humor negro, que é racista (como sugeriu Spike Lee), ou o que for, mas não se pode tirar o mérito dele, nem deixar de reconhecer que ele é um dos maiores fenômenos cinematográficos das últimas duas décadas.<br />
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São bem poucos os que conseguem trazer à tona temáticas e estilos de filmes C, revesti-los de uma carga conceitual contemporânea e torná-los cult. Além de que passar por um filme do Tarantino pode ressuscitar a carreira de quase qualquer ator.<br />
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Em "À Prova de Morte", um filme que faz parte de Grindhouse, uma sessão dupla de Tarantino em parceria com Robert Rodriguez, temos um revival dos filmes de perseguição de carros da década de 70, como aqueles com Burt Reynolds, e do psicopata assassino em série que persegue com seu automóvel turbinado as vítimas.<br />
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Outro grande mérito deste diretor é conseguir trazer para a tela do cinema longos diálogos, alguns aparentemente sem sentido, e ainda assim prender o espectador na cadeira. "À Prova de Morte" é uma fusão entre cenas de ação e diálogos tão próximos da realidade que soam inverossímeis.<br />
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O psicopata é interpretado por Kurt Russel, que se identifica como um dublê de cinema e séries televisivas e conduz um carrão que, segundo ele, é à prova de morte, reforçado para aguentar qualquer tranco. Este carro é a arma que ele utiliza para assassinar mulheres indefesas, isto até ele encontrar algumas amigas, também dublês de cinema, que estão longe de ser indefesas.<br />
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Tudo, desde a filmagem até a atuação um tanto artificial, remete-nos aos filmes C e talvez seja o mais fascinante de "À Prova de Morte", num intertexto entre outros filmes do Tarantino e de outros diretores. Assim como outras obras deste cineasta, esta é uma prova do profundo amor e respeito que ele tem pelo cinema, muito além da indústria, muito além do intelectualismo barato, muito além de reducionismos.<br />
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É diversão, pura e simples, e bem realizada.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7897752.post-37733651928625768792012-01-21T21:57:00.000-02:002012-01-21T21:57:34.880-02:00A Tale of Two Sisters (2003)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/2/21/A_Tale_of_Two_Sisters_film.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/2/21/A_Tale_of_Two_Sisters_film.jpg" width="277" /></a></div><br />
Sou fã do cinema de terror oriental, pois, mesmo quando o filme não é tão bom, ainda assim consegue ser mais assustador do que a maioria dos filmes de terror americano. Talvez isto se deva ao viés psicológico do horror asiático, quase sempre com crianças ou pré-adolescentes, o que ressalta ainda mais a tensão.<br />
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"A Tale of Two Sisters" (traduzido no Brasil pelo título simples e pouco explicativo de "Medo") é uma produção coreana, que se tornou um <i>remake</i> Hollywoodiano em 2009, "The Uninvited", ou também "O Mistério das duas irmãs".<br />
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O original e o remake são relativamente diferentes. Na verdade, primeiro assisti à versão americana e confesso que não me impressionou muito, nem me assustou. Já o original coreano é muito mais eficaz e aterrador, apesar de possuir praticamente o mesmo storyline.<br />
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Trata-se da história de duas irmãs inseparáveis, Su-mi e Su-yeon, que, por causa do pai, são obrigadas a morar com a madrasta. Logo percebemos o conflito clássico da madrasta contra as filhas, que atinge limites inimagináveis, ainda mais se somarmos aparições fantasmagóricas na história.<br />
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No entanto, é impossível discernir muito bem o que são aparições reais, pesadelo ou delírio, principalmente da metade do filme até o fim. Acompanhamos uma desintegração progressiva da psiqué da protagonista, Su-mi, até um ponto insustentável.<br />
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"A Tale of Two Sisters" possui algumas cenas bastante assustadoras, possivelmente inspiradas em sucessos japoneses, como Ringu. O desfecho aberto e um tanto frouxo dá margem a várias interpretações, o que, na minha opinião, funciona muito melhor do que o final mastigadinho do <i>remake </i>americano. Definitivamente, os americanos não gostam muito de sair coçando a cabeça, tentando decifrar o que o filme queria dizer.<br />
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Para quem gosta do gênero, vale assistir a este filme, que figura em várias listagens de melhores filmes de terror dos últimos tempos, mesmo que não seja tão extraordinário assim, mas vale pelo clima geral e por algumas cenas bastante amedrontadoras.Henry Bugalhohttp://www.blogger.com/profile/16083162926962852343noreply@blogger.com1