domingo, agosto 12, 2007

À Procura da Felicidade (2006)

Por várias razões, "À Procura da Felicidade" é um filme depressivo e angustiante.

Primeiro, por ser baseado numa história real. Ambientado durante a crise econômica norte-americana dos anos 80, o filme conta a história de Chris Gardner (Will Smith), simplesmente um derrotado. O cara se meteu numa furada, ao se tornar representante dum aparelho médico caro e sem potencial mercadológico. Em seu lar, a crise financeira faz com que seu casamento desmorone e Chris insiste em ficar com a guarda do filho, mesmo sem as mínimas condições para sustentá-lo. Ao decidir que precisa mudar de vida, Chris se inscreve para competir a uma vaga como corretor da Bolsa de Valores e, apesar da imagem que é obrigado a sustentar na empresa, Chris e o filho, à noite, dormem num abrigo para sem-tetos.

A segunda razão é o clima do roteiro. Chris enfrenta uma derrota após a outra. São quase duas horas de fracasso, de fundo de poço, de uma eterna busca pela felicidade, nem mesmo o final é suficiente para atenuar a angústia do filme, o clima de derrota e desamparo.

A terceira, é pela própria mentalidade americana. Apesar de tudo que se diga sobre os EUA, a "América" ainda é a terra das oportunidades, é o lugar onde alguém com pouca ou nenhuma qualificação, desde que esteja disposto a trabalhar pesado e acreditar em seus sonhos, pode vencer. Então, a luta dum pai de família que redunda em vitória é o mínimo que se espera num país onde o dinheiro rola, ao contrário do Brasil, onde quem trabalha mais é quem ganha menos. Um filme, com o mesmo enredo, situado no Brasil, seria ainda mais deprimente, pois nem mesmo final feliz se pode esperar. Ficar chorando as pitangas num país que fornece todas as condições para se vencer é no mínimo ridículo.

"À Procura da Felicidade" é um bom filme, mas é uma evidência de que não se pode massacrar muito o protagonista. Contar uma história é um exercício de "bate e assopra", é preciso criar obstáculo e vencê-los aos poucos; não bastam apenas desgraças, é preciso vitórias.