O roteiro é fraco. Saltos temporais entre as cenas passa a impressão de que a vida é sempre a mesma, independentemente das contingências; como se nada mudasse e não houvesse aprendizado. As personagens são escravas de suas paixões e buscam freneticamente nos outros aquilo que lhes falta. Em "Closer", não há amor verdadeiro, apenas uma projeção de expectativas que jamais é suprida. O filme é circular, começa e termina no mesmo ponto, não há superação, não há realização, há apenas a comodidade e o conformismo diante do que não se pode mudar.
Com exceção de Natalie Portman, o elenco é mediano. Julia Roberts, após uma série de comédias românticas de quinta categoria, busca alçar o status de atriz cult, trabalhando com Soderberg e agora com Mike Nichols, mas sua atuação é inexpressiva. A dupla masculina, Law e Owens também não possuem presença e passam despercebidos. Os diálogos sem consistência e beirando a banalidade não contribui para tornar "Closer" um filme interessante.
A visão pessimista, shopenhaueriana, poderia ser um ponto a favor do filme, porém, a história tangencia os problemas cruciais da existência humana e focaliza as relações entre as pessoas, mais especificamente as relações sexuais, como se este aspecto fosse o único relevante. As personagens são desprovidas de aspirações, são animais movendo-se em busca de satisfação física, sem se importar com quem.
Uma história superficial e desconexa.
Pós-escrito de 14/02/2011
Quase 6 anos depois de ter assistido a este filme pela primeira vez e escrito sobre ele, pensei que talvez fosse a hora de revisitá-lo e descobrir se a minha opinião havia mudado em algum ponto.
Definitivamente, não altero nenhuma linha do que havia resenhado sobre "Closer". Os personagens são unidimensionais, recobertos por uma falsa aura de profundidade. Em essência, não passam de animais falantes em busca de prazer, sem maturidade emocional ou intelectual, meras marionetes de seus desejos.
Por outro lado, talvez este seja também o grande mérito deste filme, pois, via de regra, é assim como a maioria das pessoas se comporta na vida real: criaturas irracionais e insatisfeitas em busca de prazer. Os conflitos de "Closer" são os mesmos conflitos que milhares de pessoas enfrentam todos os dias, em nossa jornada constante em direção à felicidade. No entanto, o filme parece apontar a hipótese de que felicidade não existe, por isto temos de nos contentar com o restolho que a vida nos proporciona. E talvez este seja o segundo grande mérito deste filme: conduzir os espectadores a buscarem um sentido oculto que não existe. "Closer" é isto aí que apresenta, e nada mais: a vida crua, desinteressante e vazia de quatro personagens infelizes.