"- Herculano, aqui quem fala é uma morta!"
Eis a primeira fala do filme dirigido por Arnaldo Jabor, inspirada na peça homônima de Nelson Rodrigues intitulada "Toda Nudez Será Castigada".
A trama é complexa e repleta de reviravoltas. Herculano é um viúvo que, para deixar a tristeza causado pelo falecimento da esposa, é estimulado por seu irmão a procurar uma prostituta chamada Geni. Puritano, Herculano, à princípio, rechaça a idéia, mas logo cai nos braços da meretriz.
Contudo, Herculano havia prometido a seu filho, Serginho, que jamais se deitaria com outra mulher. Ao descobrir que seu pai violara o juramento, Serginho se revolta e a família de Herculano se desestrutura.
As críticas de Nelson Rodrigues são explícitas: a família tradicional que esconde debaixo do tapete sua podridão, uma classe social decadente que vive da memória do passado, o puritanismo hipócrita, a dualidade entre santidade e pecado.
"Toda Nudez Será Castigada" é aquele tipo de filme que causa uma certa repulsa inicial, derivada, principalmente, pelas terríveis produções cinematográficas brasileiras das décadas de 70 e 80, mas logo esta produção mostra a que veio. Ao contrário do cinema da "Boca do Lixo" e da pornô-chanchada, o filme de Jabor, apesar de um áudio terrível e das imagens desgastadas, possui uma história riquíssima e bem construída, graças, em grande parte, ao excelente dramaturgo que foi Nelson Rodrigues.
É um filme que cativa por sua história, por sua psicologia e por algumas surpresas. Vale a pena conferir e redescobrir o bom cinema brasileiro de outrora.
Um comentário:
Acho que você se prendeu na história e analisou pouco.
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