Para quem cresceu assisindo à primeira versão de "A Fantástica Fábrica de Chocolate", de 1971, com Gene Wilder no elenco, que reprisava uma vez por mês na "Sessão da Tarde", a experiência de assistir ao remake é meio bizarra.
Dizem que a nova versão se aproxima mais do livro, mas isto é besteira. O filme não é o livro, e vice-versa. Quando se faz uma adaptação de uma obra literária, o roteirista, o diretor e os atores são obrigados a recriar, num outro suporte, a idéia original. Por isto, qualificar um filme como melhor ou pior por sua adequação ao livro é tolice. O filme é bom ou ruim quando, em sua estrutura cinematográfica, apresenta elementos que suporte seu desenvolvimento e coerência.
Neste sentido, a versão de 1971 é muito mais eficaz, é engraçada, os personagens são mais cativantes (ou odiosos, dependendo da intenção) e as músicas do Oompa-Loompas são memoráveis. É um filme que, a despeito de tempo que passa, grava em nossa memória certas cenas.
Porém, o filme de Burton e Deep é estranho.
A trama, em sua essência, é a mesma: Willy Wonka (Johnny Deep), dono de uma gigantesca fábrica de chocolate, resolve fazer uma promoção e distruibuir cinco convites para visitar sua fábrica e, no final do passeio, ele concederá um prêmio jamais imaginado. Entre as crianças contempladas, está o pobre Charlie Bucket, cujo único sonho é ver sua família ter comida na mesa. Disputando o grande prêmio com outras crianças ambiciosas, ricas, glutonas ou arrogantes, Charlie e seu avô são conduzidos pelas maravilhas da fábrica, entre elas, uma cascata de chocolate e um elevador que voa.
Ambas as versões são desprovidas de desafio, não cabe a Charlie agir para alcançar seus objetivos, as situações se sucedem e as crianças vão se eliminando da competição por causa de suas próprias falhas; porém, a versão de 2005 acrescentou traços excêntrico a Willy Wonka que não existiam anteriomente. O Willy de Gene Wilder era um esquisitão, mas o de Johnny Deep é um frustrado, misantropo e repleto de experiências traumáticas, além de dotado de um mórbido senso de humor. Excetuando pelo final completamente moralista, o remake de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" está longe de ser um filme infantil. As músicas do Oompa-Loompas, os ajudantes em miniatura de Wonka, revestidas de uma roupagem atualizada, se tornaram insuportáveis.
Provavelmente, quem assiste ao remake desconhecendo o original terá uma visão diferente. Mas o filme de Burton é chato e puritano mesmo assim.
Dizem que a nova versão se aproxima mais do livro, mas isto é besteira. O filme não é o livro, e vice-versa. Quando se faz uma adaptação de uma obra literária, o roteirista, o diretor e os atores são obrigados a recriar, num outro suporte, a idéia original. Por isto, qualificar um filme como melhor ou pior por sua adequação ao livro é tolice. O filme é bom ou ruim quando, em sua estrutura cinematográfica, apresenta elementos que suporte seu desenvolvimento e coerência.
Neste sentido, a versão de 1971 é muito mais eficaz, é engraçada, os personagens são mais cativantes (ou odiosos, dependendo da intenção) e as músicas do Oompa-Loompas são memoráveis. É um filme que, a despeito de tempo que passa, grava em nossa memória certas cenas.
Porém, o filme de Burton e Deep é estranho.
A trama, em sua essência, é a mesma: Willy Wonka (Johnny Deep), dono de uma gigantesca fábrica de chocolate, resolve fazer uma promoção e distruibuir cinco convites para visitar sua fábrica e, no final do passeio, ele concederá um prêmio jamais imaginado. Entre as crianças contempladas, está o pobre Charlie Bucket, cujo único sonho é ver sua família ter comida na mesa. Disputando o grande prêmio com outras crianças ambiciosas, ricas, glutonas ou arrogantes, Charlie e seu avô são conduzidos pelas maravilhas da fábrica, entre elas, uma cascata de chocolate e um elevador que voa.
Ambas as versões são desprovidas de desafio, não cabe a Charlie agir para alcançar seus objetivos, as situações se sucedem e as crianças vão se eliminando da competição por causa de suas próprias falhas; porém, a versão de 2005 acrescentou traços excêntrico a Willy Wonka que não existiam anteriomente. O Willy de Gene Wilder era um esquisitão, mas o de Johnny Deep é um frustrado, misantropo e repleto de experiências traumáticas, além de dotado de um mórbido senso de humor. Excetuando pelo final completamente moralista, o remake de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" está longe de ser um filme infantil. As músicas do Oompa-Loompas, os ajudantes em miniatura de Wonka, revestidas de uma roupagem atualizada, se tornaram insuportáveis.
Provavelmente, quem assiste ao remake desconhecendo o original terá uma visão diferente. Mas o filme de Burton é chato e puritano mesmo assim.
6 comentários:
concordo plenamente com o ponto de vista da critica. não gostei da versão atual, parece que não acontece no planeta terra, é algo fora de realidade, totalmente descontextualizado.
não concordei. Acho o filme mto bom. Na verdade, acredito q msm sendo um filme aparentemente infantil, serve mto mais p/ adultos, principalmente pais.A versão original( à la Tim Burton, sensacional) ainda traz essa questão traumatica de Wonka fazendo um contraste entre realizade x sonho. Td o filme é non sense msm" É fantasia! Não dá para cobraro factídico, ainda mais dde Burton.Destaque p/ a cena em q Charlie não troca todos os doces do mundo por sua pobre família. Tema central da importância da família bem contextulizado. é a grande pegada.Ok OK...AS MUSIQUINHAS ENJOAM. Mas ,não desmerece o todo.
chato é a tua mãe
Bom, seu papel como crítico é analisar uma filmografia. Tudo bem, então refarei com o senhor.
O filme tem um visual contemporâneo, talvez embalado pela onda da computação gráfica, tenha havido algum exagero para aqueles que curtem menos esse tipo de artifício. O cenário acaba desviando a atenção do enredo para a coisa mais visual.
Deep empresta seu talento artístico a Willy Wonka e refaz o personagem, o que o torna diferente, porém não desinteressante.
A versão dos anos 70 nem de longe se parece com a versão anos 2000, contudo, as duas obras são ótimas já que foram, de certo modo, fiéis ao livro. Versões paralelas e bem feitas de qualquer modo.
Quanto ao juízo de valor feito no fim do livro, imagino que não caiba a ti medir. Se "ser feliz com sua família" lhe parece mais com moralismo e menos com "final feliz" sugiro que estude antropologia (como esse seu leitor)e pare de relativizar a humanidade, senão daqui uns dias você estará relativizando o homicídio e aí fica complicado, teremos que conviver com assassinos.
Gostei da sua análise técnica falando de musicais e como interpretar uma filmografia, só falta aplicar melhor. abraços;
Então você deve ter faltado a alguma aula de ética, pois o que é a guerra senão a relativização e a aceitação temporária do homicídio (Espinosa)?
Tudo pode ser relativizado, até o canibalismo... Afinal de contas, em boa parte, a íntima relação entre tabu e transgressão é uma das grandes características dos agrupamentos humanos (Freud, Bataille, Lacan, Levi-Strauss), mas isto você, como estudante de antropologia, já deveria saber.
É claro que me cabe medir o juízo de valor no final do filme, pois esta é a minha opinião. Tenho certeza absoluta que o que eu digo NÃO é a palavra final sobre cinema, é apenas o que penso sobre filmes e qual foi a minha recepção. Afinal de contas, a opinião é relativa, e inclusive pode mudar com o passar dos anos (o que não é o caso deste filme).
Abraços.
Concordo com a crítica>> o filme dos roteiristas da equipe de Tim Burton é inacreditavelmente moralista e preconceituoso! Em pleno século xx, preconceito contra o físico das crianças, preconceito contra tv (demonizando a mídia), vários estereótipos, etc
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