quinta-feira, abril 07, 2011

Norwegian Wood, de Haruki Murakami





Dois estereótipos básicos que povoam a imaginação do Ocidente quando se fala em Japão são: os samurais, e de um povo sistemático e extremamente bem comportado.

Justamente por isto que os livros de Haruki Murakami representam um divisor de águas nesta nossa compreensão equivocada da "Terra do Sol Nascente". Seus personagens são muito mais próximos da gente do que imaginávamos, com os mesmos conflitos, mesmos dramas, mesmas esperanças, até os mesmos gostos, só que com olhinhos puxados. Talvez Murakami seja o mais ocidental dos autores japoneses, mas o mais provável é que ele apenas tematize a condição humana, o que imediatamente nos une, brasileiros, americanos, japoneses ou indianos.

"Norwegian Wood" foi o romance que trouxe notoriedade a Murakami em 1987. O título, inspirado na canção homônima dos Beatles, já antecipa muito do clima do final dos anos 60, da rebeldia e do rock-and-roll.
O protagonista é Toru Watanabe e acompanhamos sua juventude através de alguns flashbacks. O universo de Murakami pertence ao domínio da memória, daquelas recordações indeléveis que nos tornam as pessoas que somos hoje.
Watanabe é um jovem em busca de um rumo. A universidade não o agrada, não tem muita ideia de como será seu futuro, sabe que gosta de música e de literatura, mas, de resto, é como um Holden Caulfield (de "O Apanhador no Campo de Centeio") à procura da própria identidade. Watanabe pertence a uma geração movida à sexo, música e bebida, e o acompanhamos através de seus amores e decepções, por todo o turbulento processo de passagem da adolescência pela idade adulta.

O grande mérito de Haruki Murakami, além de retratar o Japão com um novo olhar, é o de representar as inquietações de todos os jovens neste processo de transição, dos medos e da aquisição de responsabilidades. Os diálogos entre os personagens são brilhantes e de um realismo impressionante, possivelmente extraídos da própria história pessoal do autor.

"Norwegian Wood" é uma leitura agradável e rápida, porém de uma profundidade existencial que distoa de sua aparente acessibilidade. Murakami consegue a proeza de propôr profundas questões sobre a vida, sem ser tedioso ou complexo.

É simples e belo, como a vida deveria ser.

2 comentários:

Anônimo disse...

O título está com um d no lugar de um g.

Henry Bugalho disse...

Obrigado. ;)