Já fui mais fã dos filmes de Darren Aronofsky, daqueles de começo de carreira, quando não se tem de provar nada para ninguém, como em Pi ou Réquiem por um Sonho.
Em "Cisne Negro", este diretor investe no que melhor sabe, num thriller psicológico que deixa o espectador pasmo, sem discernir entre realidade e delírio. São poucos os momentos de "Cisne Negro" em que realmente temos certeza do que está ocorrendo de fato.
A trama é instigante e deve ocorrer todos os dias nas grandes companhias de balé. Nina (Natalie Portman) é uma bailarinha que sonha em representar o papel mais importante em "O Lago dos Cisnes" - uma das obra-primas do compositor russo Tchaikosvky -, o Cisne Branco e, seu alter-ego, o Cisne Negro.
Com a aposentadoria forçada da bailarina principal, interpretada por Winona Ryder, Nina vê a possibilidade de seu sonho tornar-se real.
Por ser a dançarina com a técnica mais perfeita da companhia, Nina facilmente consegue o papel para o Cisne Branco, porém carece de paixão para interpretar a vilã do balé, o Cisne Negro, é então que o filme começa a descambar num delírio e frenesi interminável.
A chegada de uma concorrente, Lily (Mila Kunis), que possui as características que Nina não tem, é uma grande ameaça, e numa trama envolvendo repressão, sexo, rivalidade e loucura, tudo pode acontecer.
Por mais desconfortável que seja assistir "Cisne Negro", e por mais que o filme tenha causado mais furor do que o necessário, esta é uma crítica a um universo de perfeição e beleza, às custas de muitos sacrifícios.
É interessante e ousado tematizarem o balé, um arte apreciada por poucos em nossos tempos, mas esta mesma trama poderia ser utilizada para o esporte, para o mundo da moda, para o mundo da música ou do próprio cinema, onde cada um quer devorar o outro, pisar nas pessoas para chegar ao topo, oprimidos por um ideal de perfeição inatingível.
Antes de tudo, "Cisne Negro" é a história da nossa civilização, insana e impiedosa, capaz de esmagar os demais para atingir seus objetivos.
É a história das nossas obsessões.
Um comentário:
Assino embaixo. Na música, por diversas vezes, vi esta luta de egos!
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