domingo, julho 10, 2011

X-Men: Primeira Classe (2011)


A leitura dos quadrinhos do X-Men fez parte da minha adolescência.
Mais do que qualquer outro grupo de super-heróis, a turma de mutantes de Charles Xavier aborda temas complexos, como preconceito, discriminação, o medo de mudanças, a manipulação governamental das massas, e questões filosóficas, como eugenia, opressão e igualdade.

No universo Marvel, os mutantes representam uma nova etapa na evolução dos seres humanos, através de seus poderes sobrenaturais, os mutantes são um passo além. Justamente por isto, alguns deles sentem-se superiores e desejam erradicar os demais humanos, enquantro outros, representados pela figura sapiencial do Professor Xavier, desejam uma convivência pacífica entre mutantes e seres humanos.

Como a História nos ensina, a convivência entre os diferentes grupos quase nunca é pacífica, se os conflitos étnicos, sociais e econômicos já são constantes e causam milhares de vítimas ao redor do mundo, a hipotética existência de mutantes apresentaria um problema ainda maior.

Em 2000, foi lançado o primeiro filme sobre os X-Men, uma franquia que já arrecadou uma fortuna e levou milhões de espectadores às salas de cinema. Ainda se espera que outros filmes venham na cola desta série, principalmente após um acerto tão grande quanto "X-Men: Primeira Classe", o quinto filme, e provavelmente o melhor, progatonizando os mutantes.

Em "X-Men: Primeira Classe", acompanhamos a origem de dois personagens fundamentais no universo X-Men, Charles Xavier e Magneto.
O filme começa durante a Segunda Guerra Mundial, quando Erik Lehnsherr (Michael Faassbender) vê sua família ser presa e morta num campo de concentração. Sua trajetória posterior narra sua busca por vingança, para encontrar o nazista responsável pelo assassinato de sua mãe, o mesmo homem que o forçou a desenvolver seus poderes mutantes de controlar os metais.
Logo neste início, também conhecemos Charles Xavier (James McAvoy), herdeiro de uma rica família americana e dotado de uma mente brilhante, além de ser um telepata poderosíssimo.

Durante a crise nuclear entre EUA e União Soviética em 1962, Charles Xavier e Erik se encontram e unem forças para tentarem deter o que poderia ter sido o fim da civilização, uma guerra nuclear em escala global causada pela tática soviética de instalação de mísseis nucleares em Cuba. No entanto, estes dois personagens são movidos por intenções completamente diferentes: Erik deseja vingança, Charles pretende mostrar ao mundo que os mutantes não são ameaças.
No decorrer da trama, por causa de suas convições, estes dois personagens se afastarão, até se tornarem os arqui-inimigos de hoje.

O filme é muito bem elaborado, dentro de seus limites narrativos. Não podemos esperar uma adaptação fiel aos quadrinhos, já que não é possível encaixar num filme de duas horas 40 anos de quadrinhos do X-Men, no entanto, para um espectador que não seja leitor dos gibis, acredito que a mensagem seja clara e autosuficiente.
Não é necessário ser fã dos X-Men para compreender e apreciar a mensagem de tolerância implícita neste conflito evolutivo.
"Somos diferentes, mas somos iguais", esta poderia ser a grande defesa de tese de Charles Xavier.

O destaque é para Michael Fassbender, no papel de Magneto, mandando bem em inglês, alemão, francês e tentando falar um pouco de espanhol.

"X-Men: Primeira Classe" possui um ótimo ritmo e, apesar da grande quantidade de personagens, consegue dar-lhes individualidade e voz. Talvez uma das adaptações de quadrinhos mais inteligentes dos últimos tempos.

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