domingo, janeiro 21, 2007

Pequena Miss Sunshine (2006)



Foi com desapontamento que assisti a "Pequena Miss Sunshine".
Não é a primeira vez que isto ocorre com filmes badalados no circuito alternativo de cinema, quando ouço muitos elogios e, na hora do "vamos ver", o resultado é muito aquém aos comentários. Dois casos semelhantes que me ocorrem agora são "Elefante" e "Bicicletas de Belleville", dos quais esperei muito e não recebi nada.
"Pequena Miss Sunshine" é uma mescla de road movie, "Férias Frustradas" e uma pitada de "Um Morto Muito Louco". Num ritmo que não chega a ser monótono, mas que também não empolga, com exceção do final (regra de ouro do cinema hollywoodiano, "se o desenvolvimento não é bom, ao menos o final tem que ser"), que é aquele momento em que nos envergonhamos pelo ridículo que os outros fazem. É um final desconcertante - não se preocupe, não vou contar, apesar de óbvio! -, embaraçoso, mas que não salva a pobre e "Pequena Miss Sunshine".
A trama é o encontro da bizarra família Hoover: o pai, Richard (Greg Kinnear), um fracassado guru de auto-ajuda; a mãe, Sheryl (Toni Collette), esposa infeliz e frustrada; o avô, viciado em heroína e sexo; o filho, Dwayne, um excêntrico que fez voto de silêncio até que consiga ser admitido na academia de pilotos; o cunhado, Frank, gay, suicida, derrotado e, o pior de tudo, expert em Proust; por fim, a filha, Olive, a feiazinha escolhida para participar do concurso de Miss Sunshine, para crianças.
Fracasso e derrota são duas palavras que se ouvirá e se verá muito neste filme.
A parte de road movie é quando eles, sem dinheiro para voar para a Califórnia, embarcam numa Kombie (outro símbolo do fracasso familiar, pois nem possuem a usual SUV, transporte familiar comum nos EUA), com problemas na transmissão, e saem empurrando-a de parada em parada até chegarem no local do concurso de Olive.
O avô morre no meio do caminho - eis a referência aos dois filmes de comédia citados - e eles se deparam com todo tipo de dificuldades e conflitos que pode haver numa família. Num final de semana, eles enfeixam toda uma vida.
O filme possui ligações inteligentes com a Filosofia (Dwaine é leitor de Nietzsche) e com a Literatura; é uma crítica a um mundo competitivo, cujo único mote é a vitória a qualquer custo; uma crítica aos lares desunidos, que mal cabem numa Kombi amarela. Mas também é um elogio à união que pode existir nos momentos difíceis e um exemplo de que a derrota nem sempre é o fim do mundo. Afinal de contas, a vida não se trata de vencer ou perder, mas de arriscar e vivê-la da melhor maneira possível.
"Pequena Miss Sunshine" não é de todo ruim, mas, certamente, não faz juz ao status que foi elevado. Engraçadinho, ligeiramente interessante, mas não uma obrigação intelectual e estética. Há filmes que atingem mais profundamente e com muito menos esforço.

12 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Henry. Sou daquela opinião de que toda a opinião é válida e deve ser respeitada, mas pelos seus dois primeiros parágrafos percebo que você não entendeu o filme. Talvez não tenha entrado no clima e acabou assistindo com a mesma cabeça daquelas outras mães que assistem o concurso no final do filme. Seus dois primeiros parágrafos falam exatamente tudo que o filme não é.

Henry Bugalho disse...

"...mas pelos seus dois primeiros parágrafos percebo que você não entendeu o filme."

E pelo visto, você só deve ter lido estes dois parágrafos, pois a resenha fala bem mais do que isto...

Anônimo disse...

pra mim, um bom filme é aquele que de alguma forma faz com q nos emocionemos, vcs idolatram a "teoria" do que é preciso pra se fazer um bom fime, se esquecem da coração, da emoção. a pessoa que fez o primeiro comentario esta certissima.

Henry Bugalho disse...

"...vcs idolatram a "teoria" do que é preciso pra se fazer um bom fime..."

"Vocês" quem? Isto é algum tipo de teoria conspiratória envolvendo críticos de cinema?

Anônimo disse...

olá henry, sou eu novamente.
não, isto nn é uma conspiração contra vcs, quis dizer que vcs, criticos de cinema, fikam presos à estética do filme- o que nn era pra ter feito, oq deveria ser feito.
pra nn dizer que nn concordo com vc em nada, seu quinto paragrafo era td que eu queria ouvir/ler de um critico.
xauxau

Anônimo disse...

Vc bem que poderia se chamar INRI

IDÉIAS DE JuJu disse...

Concordo com o proposto de que vc não assistiu o filme livre de preconeitos e com a mente aberta. Os personagens tem muito conteudo psicologico para ser analisado. Acho que fora cometido uma injustiça aqui...

Anônimo disse...

Não acho o filme ruim, como você fala, pelo contrário, ele tem uma boa história, que apesar de ser bem típica de Hollywood, é boa.Os personagens tem a questão psicológica e física que dão graça ao filme.Não se você é o tipo de crítico que busca sempre ver "o filme" e não notou essas questões que tornam o filme o que ele ´é, um drama/comédia que pode ser considerado um bom filme.

Anônimo disse...

"(...) dos quais esperei muito e não recebi nada."
Pesaram, portanto, e no pior sentido, sua formação em Filosofia, com ênfase em Estética, especializações em Literatura e História e blá blá blá...
O filme em questão me parece ideal para ser visto sem expectativas, por pessoas que 'só sabem que nada sabem' e, como se diz popularmente, 'com o coração'.
(ass. crítico de 'O Crítico')

Henry Bugalho disse...

É, para você ver, "crítico de 'o crítico"...

Eu prefiro falar do filme, enquanto você prefere falar da minha biografia.
No dia em que você tiver alguma coisa de relevante para falar sobre cinema, pode voltar e dar a sua opinião.

Que tal?

DIego Abreu disse...

Caro Henry

Tive a mesma interpretação que você sobre o filme, acho que é basicamente pautado pelo fracasso e tal. Contudo, para mim, significou diferente. O fracasso no filme me pareceu ser usado para criticar todo o way of life (apesar de que podemos tirar isso sempre, de qualquer exemplo) já que Dano e Carell dialogam uma vez e falam que proust não foi reconhecido em vida, e tal.
Assim como a dança final apresentou-me como uma critica à hipocrisia. Para mim a mensagem de ser feliz apesar de tudo fica em segundo plano, e fica a mensagem "o que é realmente um fracasso"
Contudo penso que o filme sgnificou mais do que foi proposto. haha
Abraço.

Anônimo disse...

realmente não entenderam o filme algumas pesssoas,o filme tem uma sensibilidade,é muito importante e muito bom para trabalhar o tema família em sala de aula