"A Marcha dos Pinguins" causou comoção nos Estados Unidos, a tal de ponto de se tornar o segundo documentário mais visto naquele país, perdendo apenas para "Fahrenheit 11/9".
A história seria incrível, se não fosse verídica e não ocorresse todo ano no Pólo Sul.
Durante o inverno, os pinguins imperadores cruzam centenas de quilômetros por entre as geleiras para procriarem. Como se não bastasse este exaustivo êxodo, os pinguins são obrigados a percorreram algumas vezes este percurso: primeiro para acasalarem, depois para as fêmeas se alimentarem, para os machos encherem os buchos e, por fim, já com os filhotes, rumo ao mar para desfrutarem do verão.
As imagens do continente gelado são belíssimas e chocantes. As cenas dos milhares de pinguins enfileirados em meio ao gelo são deslumbrantes. Mas, mais do que isto, a sensilidade e a coragem do diretor Luc Jacquet e sua equipe para encararem este desafio são impressionantes.
Muito se comentou sobre a antropomorfização dos pinguins, através de narrações humanizadas, dotando-os de objetivos semelhantes aos nossos, de sentimentos de ternura e amor, de uma distorção dos instintos de sobrevivência dos animais, que em nada se assemelham aos nossos projetos deliberados e racionais.
Mais do que subestimar o instinto dos animais, tais comentários superestimam a racionalidade humana. Ignoram que boa parte de nossos comportamentos derivam de uma memória primitiva que nos condiciona também à sobrevivência. A única diferença, talvez, é que nós temos consciência de nossas próprias ações e nos acreditamos superiores aos demais animais devido a esta característica. É claro que uma narrativa de caráter humano nos aproxima ainda mais da luta que os pinguins empreendem contra um frio absurdo, mas, independemente dela, não podemos evitar de nos emocionar com o milagre da natureza, da qual fazemos parte e à qual insistimos em destruir.
Para quem assistiu a "Fernão Capelo Gaivota" (ou leu o livro), a comparação é inevitável. No entanto, enquanto que neste o pássaro anseia por liberdade e por descobrir todos os segredos do vôo, no outro, pássaros que não podem voar não desejam a liberdade, mas sim perpetuar aquele ritual. Instintivamente, os pinguins imperadores criam outros para que, um dia, seus filhotes passem pelo mesmo perrenque que eles passaram. É a crueldade mecânica da natureza que impele as gerações adiante, sem se importar com os que tombam no caminho.
Por ser, ao menos conceitualmente, um documentário, "A Marcha dos Pinguis" carece de um roteiro dinâmico como os de animações da Disney. Arranca risos e exclamações de espanto, mas, em alguns momentos, chega a ser enfadonho.
Certamente um dos que poderia entrar para a lista da "Sessão da Tarde", ao lado de Benjie, Lassie, "Free Willy" e Flipper.
A história seria incrível, se não fosse verídica e não ocorresse todo ano no Pólo Sul.
Durante o inverno, os pinguins imperadores cruzam centenas de quilômetros por entre as geleiras para procriarem. Como se não bastasse este exaustivo êxodo, os pinguins são obrigados a percorreram algumas vezes este percurso: primeiro para acasalarem, depois para as fêmeas se alimentarem, para os machos encherem os buchos e, por fim, já com os filhotes, rumo ao mar para desfrutarem do verão.
As imagens do continente gelado são belíssimas e chocantes. As cenas dos milhares de pinguins enfileirados em meio ao gelo são deslumbrantes. Mas, mais do que isto, a sensilidade e a coragem do diretor Luc Jacquet e sua equipe para encararem este desafio são impressionantes.
Muito se comentou sobre a antropomorfização dos pinguins, através de narrações humanizadas, dotando-os de objetivos semelhantes aos nossos, de sentimentos de ternura e amor, de uma distorção dos instintos de sobrevivência dos animais, que em nada se assemelham aos nossos projetos deliberados e racionais.
Mais do que subestimar o instinto dos animais, tais comentários superestimam a racionalidade humana. Ignoram que boa parte de nossos comportamentos derivam de uma memória primitiva que nos condiciona também à sobrevivência. A única diferença, talvez, é que nós temos consciência de nossas próprias ações e nos acreditamos superiores aos demais animais devido a esta característica. É claro que uma narrativa de caráter humano nos aproxima ainda mais da luta que os pinguins empreendem contra um frio absurdo, mas, independemente dela, não podemos evitar de nos emocionar com o milagre da natureza, da qual fazemos parte e à qual insistimos em destruir.
Para quem assistiu a "Fernão Capelo Gaivota" (ou leu o livro), a comparação é inevitável. No entanto, enquanto que neste o pássaro anseia por liberdade e por descobrir todos os segredos do vôo, no outro, pássaros que não podem voar não desejam a liberdade, mas sim perpetuar aquele ritual. Instintivamente, os pinguins imperadores criam outros para que, um dia, seus filhotes passem pelo mesmo perrenque que eles passaram. É a crueldade mecânica da natureza que impele as gerações adiante, sem se importar com os que tombam no caminho.
Por ser, ao menos conceitualmente, um documentário, "A Marcha dos Pinguis" carece de um roteiro dinâmico como os de animações da Disney. Arranca risos e exclamações de espanto, mas, em alguns momentos, chega a ser enfadonho.
Certamente um dos que poderia entrar para a lista da "Sessão da Tarde", ao lado de Benjie, Lassie, "Free Willy" e Flipper.
3 comentários:
Eu tava doido pra ver esse documentário, mas acabei perdendo a oportunidade...
Mas com certeza, vou conferir em DVD!
Marco
Parabéns pelo blog e pelos textos. Não consegui parar de ler.
Abraços!
Gustavo
www.fraseandofilmes.globolog.com.br
Obrigada, graças ao blog, tive a oportunidade de assistir o documentário e fiz um trabalho delicioso com meus alunos.
Trabalhamos valores perdidos e indispensáveis ao convívio social.
Um abraço
Ivoneide
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