segunda-feira, agosto 23, 2004

Olga (2004)



"Olga" possui belíssimas cenas, mas o filme, como um todo, soa artificial. A interpretação de Camila Morgado é carregada de uma dramaticidade teatral, a trilha sonora não se encaixa direito e há uma série de erros de continuidade detectável mesmo para o espectador mais desatento. Para uma produção da Globo Filmes, poderia se esperar mais do resultado final.

O filme se inspirou na vida de Olga Benario, uma judia alemã que é designada, pelo governo soviético, para proteger o retorno de Carlos Prestes ao Brasil. Nesta viagem de volta, eles se envolvem amorosamente e deste relacionamento resulta uma criança. Quando a tentativa de revolução, encabeçada por Prestes, é rechaçada, Carlos e Olga são aprisionados. Prestes permanece no Brasil, enquanto que Olga é deportada para a Alemanha governada por Hitler e, por fim, enviada a um campo de concentração, onde morre.

Na minha opinião, o que realmente salva o filme é a interpretação genial de Osmar Prado como Getúlio Vargas.

Antes do lançamento do filme, ouvi muitas pessoas reclamando de ser o filme em português e não nas línguas originais. Entretanto, este é o menor dos detalhes, já que estamos acostumados, em filmes americanos, a ver Napoleão Bonaparte falando inglês; ou alemães, russos, árabes e qualquer outra nacionalidade falando inglês. O purismo de filmes como "Desmundo", falado em português arcaico, ou como "Hans Stadten", falado em alemão, tupi-guarani, espanhol, etc., é bastante interessante, porém, impede que tais filmes sejam sucessos de público.

Creio que "Olga" merece ser assistido, pois retrata um importante período da história brasileira e, acima de tudo, ainda carecemos de imagens heróicas como Prestes e Olga.

2 comentários:

Henry Bugalho disse...

Oi, Rafael.
Obrigado por seu comentário.
Bem, particularmente, eu não gosto muito da interpretação de Morgado desde "A Casa das Sete Mulheres". Creio que a maneira como ela declama as falas se encaixam mais no gênero teatral do que no cinematográfico. As falas do filmes, mesmo se tratando de uma reconstituição histórica, são pouco verossímeis, não passam autenticidade.
Concordo com você quanto a importância desta produção, já que todo o filme foi rodado aqui no Brasil e, justamente por isto, acho que é um filme para ser assistido.
Eu não li o livro, portanto, não posso fazer a relação entre a obra literária e a cinematográfica, mas a resenha da "Época" afirma que o roteirista desenvolveu mais o lado ficcional do que o histórico.
Ressalto o meu agradecimento a sua participação, ainda mais você que é da área de cinema.
Abraços,
Henry.

Anônimo disse...

Concordo com vc Henry. O filme tem cenas espetaculares, mto bonitas. Mas o filme em si deixa um pouco a desejar. Achei até meio 'novela mexicana'. Apelativo demais e muito pouco centrado na História. Mas sendo um filme de produção nacional, acho válido assistir.