Conta a lenda que, após a queda do Terceiro Reich, Josef Mengele, o "Anjo da Morte de Auschwitz", refugiou-se na Argentina e, finalmente, na década de setenta, faleceu no Brasil.
Entretanto, pesquisadores afirmam que o cadáver sepultado em Embú não é o do médico-monstro que apavorava os gêmeos e os ciganos com suas experiências macabras. É neste ponto que "Atrás da Verdade (Nichts als die Wahrheit, 1999, Alemanha/EUA)" começa.
O filme se trata de um hipotético julgamento de Mengele pelas autoridades alemãs. O grande dilema do renomado advogado Röhmer é descobrir como inocentar alguém que praticou tamanhas atrocidades como o seu cliente. Aí reside o brilhantismo da história, pois a proposta do advogado de defesa é que, para compreender os atos de Mengele, é necessário pensar como um médico, segundo as éticas médicas, dos anos quarenta numa Alemanha governada por Hitler.
Contudo, esta tarefa é impossível. O passado é como a pele morta de uma serpente que ela deve abandonar para poder crescer. Jamais poderemos compreender a barbárie ou as conquistas dos que já se foram, simplesmente porque o passado nos é velado. O nosso esforço para compreender o passado esbarra na nossa própria contemporaneidade. Sempre julgaremos Mengele com olhos de hoje.
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