sexta-feira, janeiro 20, 2012

Trono de Sangue (1957)


O enredo de "Trono de Sangue", dirigido por Akira Kurosawa, é de uma típica tragédia grega, ou melhor, de uma típica tragédia shakesperiana, pois é inspirado na peça "Macbeth".

O filme começa após uma insurreição em alguma região do Japão feudal, que é subjugada graças a dois generais, Washizu (interpretado por Toshirô Mifune, ator presente em vários filmes de Kurosawa) e Miki.

Para recompensá-los, Tzusuki, o governante do Castelo da Teia de Aranha, convida-os para visitar sua fortaleza. Os dois generais perdem-se numa floresta próxima ao castelo e encontram-se com um espírito maligno, que faz duas profecias: primeiro, que Washizu se tornaria o novo governante, e depois, o filho de Miki ocuparia o lugar de Washizu.

Assim como nas tragédias gregas, não há como fugir do destino, por isto, ao evitar que ele se cumpra, tanto Washizu quanto Miki apenas conduzem à realização das profecias.

"Trono de Sangue" é Kurosawa em sua melhor forma, com muitas batalhas, sangue e um ambiente bastante masculino. No entanto, talvez o mais interessante deste filme seja perceber o papel feminino, na figura da esposa de Washizu, que de certo modo é quem todo o controle sobre as decisões do marido, um vislumbre das sutilezas femininas numa sociedade brutalmente patriarcal.

Já disseram que Kurosawa é o mais ocidental dos diretores japoneses e, ao assistirmos um filme claramente estruturado a partir de paradigmas narrativos ocidentais, tão próximos do que estamos habituados, somos obrigados a concordar.

Nenhum comentário: