quarta-feira, outubro 31, 2007

Vozes Inocentes (2004)



Os norte-americanos, quando abordam a guerra, geralmente retratam o universo masculino adulto. Voluntários ou não, são os homens que se encolhem ou descobrem bravura no campo de batalha.
Esta é a visão do conquistador. A visão dos EUA é a de quem olha de cima para o resto do mundo.
Porém, se dermos uma bisbilhotada nas produções do gênero em outros países, particularmente em países subdesenvolvidos (ou, para ser politicamente correto, "em desenvolvimento"), constataremos que não raras vezes vemos o mundo através dos olhos das crianças.
Por quê?

Lembremos dos tempo em que éramos crianças. O mundo parecia muito mais assustador e deslumbrante do que é hoje, não era? Muitas coisas sem explicação, e muito a ser conhecido. O tempo não passava e mal podíamos esperar para nos tornar adultos.
A guerra sob a ótica de crianças é comovente por causa disto, pela ingenuidade que há, mesmo em meio a tamanhas atrocidades, no modo como elas lidam com a situação.

Em "Vozes Inocentes", acompanhamos a história de Chava e seus amigos durante a guerra civil em El Salvador. Como toda guerra total, em que os adultos se digladiam até a exaustão das forças e, quando não resta mais homens sobreviventes, faz-se necessário recorrer ao recrutamento infantil, a guerra em El Salvador também não poupou seus rebentos. Aos 12 anos, as crianças eram obrigadas a integrar as fileiras do exército. Quem não queria seguir esta opção, tinha um segunda, e igualmente belicosa, alternativa, unir-se aos guerrilheiros rebeldes. Este é um dos dilemas de Chava.

A produção é inacreditável, bela fotografia, diálogo singelos e cenas comoventes. Porém, "Vozes Inocentes" comete um erro grotesco e imperdoável: não levar até as últimas conseqüências o desenvolvimento lógico do enredo. Não há nada mais decepcionante do que um anti-clímax, do que um desfecho que não faz jus à trama.

Um belo filme, mas que fraqueja e perde parte de seu brilho.

Nenhum comentário: