quarta-feira, outubro 31, 2007

O Encouraçado Potemkin (1925)

Sempre quando assisto a filmes clássicos a mesma pergunta me domina: onde nos perdemos no caminho?
Vejo aquelas produções toscas, com recursos técnicos limitadíssimos, com atuações amadorísticas, às vezes mudos, às vezes com imagens desgastadas por causa do tempo, e me surpreendo com a capacidade artística daqueles desbravadores do cinema.
Eiseinstein é um dos pais da arte cinematográfica, ao lado de mestres como Murnau, Fritz Lang, Chaplin, Wiene, Buñuel, ou Griffith.
Assistir a "O Encouraçado Potemkin" é um show de edição (incrivelmente tão ágil quanto dum filme de ação contemporâneo), de fotografia e de criatividade.
Além disto, apesar das críticas feitas ao realismo soviético, é muito interessante vislumbrar um pouco do clima de insatisfação que havia na Rússia pré-revolucionária, quando até mesmo uma sopa feita com carne estragada era capaz de atiçar os ânimos e instigar um motim.
Por fim, não é qualquer um que pode ter a trilha sonora inteira composta por Shostakovich!

2 comentários:

Anônimo disse...

Como assim: "Ate mesmo uma sopa era capaz de atiçar" ? Acho que nao entendeu a opressão. Já assistiu a este filme com a inusitada trilha sonora do Pet Shop Boys? Assista e lembre do Manifesto do Som do próprio Eiseinstein.

Henry Bugalho disse...

Acho que você é que não entendeu a expressão.

Toda forma de opressão (ou insatisfação) só é combatida quando existe algum tipo de estopim. No caso de "O Encouraçado Potemkin", foi a sopa; no caso do transporte público no Rio de Janeiro, foi o atraso dos trens.

Às vezes, fatores insignificantes, ou localizados, como o assassinato de Francisco Ferdinand em 1914, conduzem a eventos globais ou generalizados, como foi o caso da Primeira Grande Guerra.

Isto é, para uma revolta, o que falta, em várias ocasiões, é uma única gota d'água para tudo transbordar.