terça-feira, junho 19, 2007

Norbit (2007)



Apesar da Globalização, de todos os elementos da cultura norte-americana à qual estamos expostos (voluntária e involuntariamente), de tudo nos parecer naturalizado, há algumas coisas sobre os filmes que só entendemos quando vemos com os próprios olhos.
Então, descobrimos que o mundo não é tão homogêneo como tudo parece indicar.

Filmes de comédia e de terror costumam apresentar as diferenças culturais mais gritantes: como no caso dum grupo de amigos que vai para um acampamento e são mortos por um psicopata pelo simples fato de terem transado; no Brasil, tem adolescente com 12 anos grávida, se todo psicopata fosse assassinar quem tem relações sexuais precocemente, seria praticamente um genocídio.
Isto apenas para apresentar um caso.

Mas "Norbit" entra naquele tipo de comédia pastelão, tirando sarro das diferenças culturais e comportamentais dos negros norte-americanos, na mesma linha de "Vovó...Zona" e "O Professor Aloprado".
Norbit (Eddie Murphy) é um rapaz franzino que, por ironia do destino, se casa com Rasputia (Eddie Murphy).
Rasputia está com sobrepeso, isto sendo gentil, é rude, truculenta, cheia de si e irmã de três rapazes da pesada. Sua natureza autoritária torna Norbit um submisso, até que ele a flagra na cama com outro homem.
Mas a chegada de Kate (Thandie Newton), uma namoradinha de infância de Norbit, é uma luz no fim do túnel para ele.
As sandices que Rasputia fará para evitar que seu casamento acabe é o mais engraçado neste filme.

Figuras como Rasputia inexistem no Brasil, no entanto, elas se proliferam nos EUA. Há Rasputia em toda esquina, no metrô, no supermercado. Isto torna a experiência de assistir a Norbit duplamente engraçada: primeiro, pelas próprias cenas mórbidas, segundo, por ser fácil identificar o alvo da piada.
Quando assistimos a "A Grande Família", por exemplo, não rimos porque aquela realidade é absurda, rimos porque aquele é nosso cotidiano; o mesmo vale para "Norbit" e o público norte-americano. Talvez este desentranhamento torne o filme menos interessante para o espectador brasileiro, mas a capacidade camaleônica de Eddie Murphy já vale a pena.

Em "Norbit", o cômico não é a caricaturização do real, mas a absurda relação entre a ficção e os personagens do cotidiano.

Nenhum comentário: