É surpreendente como alguém consegue extrair tanto assunto de algo frívolo como a Moda.
Mas há quem goste, do mesmo modo que há quem goste de coisas igualmente frívolas como futebol, big brother ou filosofia.
Longe de querer defender um relativismo pós-modernista, na qual todo juízo de valor é eliminado, mas não há dúvida de que é muito difícil de se estabelecer o que é bom gosto, bom senso ou qualidade em nossos dias.
"Gosto é gosto, e não se discute", este é o lema de quem não possui argumentos para defender seu ponto de vista, pois assim é fácil encerrar o debate.
Há alguns meses atrás, participei de uma discussão no Orkut, na comunidade "Filosofia da Arte", sobre se moda é ou não Arte. Expressei meu ponto de vista por dez ou vintes respostas, até desistir; como 73% dos membros da comunidade são de estilistas ou estudantes de moda, a discussão se arrasta até hoje. Mas isto é completamente irrelevante, se Arte é moda, se é algo fundamental para o ser humano, se é frívola, se é chic. O cinema pode bem escolher um tema tolo e dele realizar um bom filme: vejam o exemplo de "Quero ser John Malkovich", sobre um titereiro frustrado; ou "Cidadão Kane", que trata da investigação sobre o sentido da última palavra - Rosebud - dum milionário moribundo.
Uma história medíocre com um desenvolvimento extraordinário pode resultar num clássico; uma história medíocre com um desenvolvimento medíocre... bem, o resultado é óbvio.
E este é o maior problema de "O Diabo Veste Prada", a despeito da trama ordinária, a jornalista Andrea Sachs (Anne Hathaway) trabalhando como assistente numa revista de moda, sob as ordens implacáveis de Miranda (Meryl Streep), o filme é, ainda por cima, uma coleção insossa de clichês.
Se os milhares de cursos espalhados pelos EUA, ensinando jovens ambiciosos a se tornarem roteiristas, os impelissem a jamais recaírem na facilidade dos clichês, então, nunca seríamos obrigados a nos deparar com filmes previsíveis como este novamente. A fórmula é básica: moça simples se depara com desafio que a transforma para pior, mas, no fundo, ela percebe que sempre permaneceu a moça caipira que quer ser feliz. Já assistimos a este tipo de história milhões de vezes; quantas vezes mais ainda teremos pela frente?
A Arte caracteriza-se justamente pela capacidade em se renovar, em romper os paradigmas e estabelecer novos princípios. O cinema, não apenas o norte-americano (já que é fácil culpá-los por todas as mazelas do mundo e nos eximir de nossa parte da culpa), há muito tempo se acostumou com suas fórmulas. Para a indústria do cinema é muito cômodo, pois sabem que podem embalar o Mesmo com outros nomes que nós, espectadores imbecis, sempre estaremos lá, rindo das mesmas piadas e torcendo para que a mocinha consiga resgatar sua inocência. O que vale no fim, para as grandes produtoras, são as cifras milionárias, não o valor estético, não o medo e o prazer de estar criando algo desconhecido.
O problema é que nós não temos como antever se um filme será um festival de clichês até tê-lo assistido, quando, enfim, teremos um parecer se valeu ou não a pena. Esta recompensa ou decepção nenhum crítico pode nos dar, nenhuma recomendação é inquestionável; somente nós mesmo poderemos avaliar e julgar se nos agradou. O que não foi o caso de "O Diabo Veste Prada".
Mas há quem goste, do mesmo modo que há quem goste de coisas igualmente frívolas como futebol, big brother ou filosofia.
Longe de querer defender um relativismo pós-modernista, na qual todo juízo de valor é eliminado, mas não há dúvida de que é muito difícil de se estabelecer o que é bom gosto, bom senso ou qualidade em nossos dias.
"Gosto é gosto, e não se discute", este é o lema de quem não possui argumentos para defender seu ponto de vista, pois assim é fácil encerrar o debate.
Há alguns meses atrás, participei de uma discussão no Orkut, na comunidade "Filosofia da Arte", sobre se moda é ou não Arte. Expressei meu ponto de vista por dez ou vintes respostas, até desistir; como 73% dos membros da comunidade são de estilistas ou estudantes de moda, a discussão se arrasta até hoje. Mas isto é completamente irrelevante, se Arte é moda, se é algo fundamental para o ser humano, se é frívola, se é chic. O cinema pode bem escolher um tema tolo e dele realizar um bom filme: vejam o exemplo de "Quero ser John Malkovich", sobre um titereiro frustrado; ou "Cidadão Kane", que trata da investigação sobre o sentido da última palavra - Rosebud - dum milionário moribundo.
Uma história medíocre com um desenvolvimento extraordinário pode resultar num clássico; uma história medíocre com um desenvolvimento medíocre... bem, o resultado é óbvio.
E este é o maior problema de "O Diabo Veste Prada", a despeito da trama ordinária, a jornalista Andrea Sachs (Anne Hathaway) trabalhando como assistente numa revista de moda, sob as ordens implacáveis de Miranda (Meryl Streep), o filme é, ainda por cima, uma coleção insossa de clichês.
Se os milhares de cursos espalhados pelos EUA, ensinando jovens ambiciosos a se tornarem roteiristas, os impelissem a jamais recaírem na facilidade dos clichês, então, nunca seríamos obrigados a nos deparar com filmes previsíveis como este novamente. A fórmula é básica: moça simples se depara com desafio que a transforma para pior, mas, no fundo, ela percebe que sempre permaneceu a moça caipira que quer ser feliz. Já assistimos a este tipo de história milhões de vezes; quantas vezes mais ainda teremos pela frente?
A Arte caracteriza-se justamente pela capacidade em se renovar, em romper os paradigmas e estabelecer novos princípios. O cinema, não apenas o norte-americano (já que é fácil culpá-los por todas as mazelas do mundo e nos eximir de nossa parte da culpa), há muito tempo se acostumou com suas fórmulas. Para a indústria do cinema é muito cômodo, pois sabem que podem embalar o Mesmo com outros nomes que nós, espectadores imbecis, sempre estaremos lá, rindo das mesmas piadas e torcendo para que a mocinha consiga resgatar sua inocência. O que vale no fim, para as grandes produtoras, são as cifras milionárias, não o valor estético, não o medo e o prazer de estar criando algo desconhecido.
O problema é que nós não temos como antever se um filme será um festival de clichês até tê-lo assistido, quando, enfim, teremos um parecer se valeu ou não a pena. Esta recompensa ou decepção nenhum crítico pode nos dar, nenhuma recomendação é inquestionável; somente nós mesmo poderemos avaliar e julgar se nos agradou. O que não foi o caso de "O Diabo Veste Prada".
15 comentários:
Bem.. como vc mesmo disse em sua crítica.. "Gosto não se discute".. Mesmo que seja um clichê, O diabo veste Prada, tem um ponto diefrente sim.. a forma de agir de Miranda, ainda que não agrade aos subordinados da mesma, não deixa que ela torne-se odiável. Pelo contrário, consegue fazer com que gostemos dela, e mesmo com sua robustês, ela ensina muito em seu modo de agir... Creio que para criar um personagem com este aspecto não foi nem um pouco fácil ou rápido, e no desenrolar deste filme, afirmo, cria-se um campo desconhecido sim... uma história nova e conscientizadora. Desperta a todos através de um assunto pouco interessado por muitos, a moda!
Concordo parcialmente, Queiroz, acho que o que torna Miranda cativante é mais o talento individual da Meryl Streep, que é uma baita atriz, do que o próprio enredo.
Um bom ator pode fazer milagres, e às vezes um coadjuvante brilha mais do que um protagonista, um exemplo clássico é o Han Solo (Harrison Ford) de "Guerra nas Estrelas". Mesmo sendo canastrão (ou talvez por caus disto), foi o único ator que deu certo.
Ok Henry!. Foi bom trocar comentário com vc..!! É sempre bom conversar com alguém inteligente.
Parabéns pelo Blog!
Ah, quando chegar "O Gângster" no Brasil assista, Queiroz, pois ocorre um fenômenos semelhante. O personagem de Denzel Washington é um criminoso, queremos que ele pague por seus crimes, mas, ao mesmo tempo, ele é cativante e queremos que ele não se ferre tanto no final.
E é óbvio que Denzel é Denzel, e eu sou fã assumido dos filmes dele.
Até que ponto uma crítica também é merecida de ser taxada comom clichê??? Pois bem... eis uma crítica repleta de clichês até o fim... preocupada em desmistificar um filme bacana... já não se fazem mais críticos bons mesmo...
Para você ver como é grande a força e a sedução do clichê, Fábio, porém, ao contrário de você, eu tentei (ou soube) esmiuçar o que me incomodou em "Diabo Veste Prada".
Da próxima vez, tente ser mais específico, senão também ficarei com a impressão de que não se faz mais "crítica da crítica" como antes.
Abraços e feliz ano-novo.
Perdoe-me pela informalidade... mas...." mandou muito bem Henry!! hahaha... A situação é esta: Não gostou da idéia, não critique sem dar uma melhor! Afinal de contas, ninguém aqui disse que o filme não é bacana...!!!
Até mais Henry!
Nada a ver sua inserção onde relaciona como frivolidades Moda e Filosofia.
Parece que não ter "vencido" a discussão com estilistas e os estudantes. Daí os disparates...
No entanto sua crítica de cinema é pertinente - você opera bem alguns conceitos típicos... imagine!? da filosofia (ética, estética, relativismo).
Só não seja ingênuo, pois o filme inaugura - ao grande circuito - e contrapõe à "mocinha", não a "bruxa má", mas a empresária. Enérgica, insensível, maquiavélica...
É permitida uma "lição" de que somos impelidos a viver ilusões,ambiciosos e para isso nos corrompemos.
E a alta-moda, na visão da Massa seria um bom exemplo de como "nos perdemos" em troca de aparências.
Enfim, a direção, aliada ao retorno Hollywoodiano - como você destacou bem -, procurou dar seu recado mais superficialmente possível, tentando semear a idéia de que não precisamos, mas antes aceitamos, por interesse/ ambição/etc, sermos pisoteados.
O diabo veste Prada me lembrou demais facilmente a vida real.
Permita-me fornecer uma dica de leitura:
Discurso da Servidão Voluntária - Etienne de La Boétie. Grátis aqui:
www.culturabrasil.org/download.htm
Antes de tudo, obrigado pela indicação do site. Tem muita coisa boa por lá, darei uma xeretada quando tiver mais tempo.
A primeira asserção, sobre a frivolidade da Filosofia é uma brincadeira, principalmente porque esta é minha formação e eu sei muito bem que a Filosofia poder ter uma grande utilidade (teórica ou prática, tanto faz), mas que também pode ser uma baita duma babaquice, especialmente no interior das Universidades.
A questão de ter "vencido" ou não o debate é irrelevante, pois imagino que você deve bem saber que existem teóricos em ambos lados duma questão estética (ou de qualquer outro assunto que se relacione à Filosofia). Assim, basta que cada uma das partes se encastele sob a égide dum intelectual - Adorno, ou Dewey, ou Hegel -, por exemplo, para determinar todo o curso dum debate.
Talvez a ingenuidade esteja em tentar disassociar a figura da "empresária má" da "bruxa má". A especialidade da cultura de massas é justamente esta de embalar o já-conhecido sob trajes do inédito.
A história de "Diabo Veste Prada" poderia se enquadrar em inúmeros outros enredos desgastados. Na verdade, o fato de abordar moda, ou filosofia, ou futebol americano, ou guerra do Vietnam é irrelevante, o importante, para a cultura de massas, é que a estrutura se mantenha intacta. Muda-se os nomes, os cenários, as profissões dos personagens, mas a mensagem permanece a mesma.
E um filme, ou livro, ou novela nos remeter a vida real não é incidental, pois é daí que os autores extraem suas idéias. O grande problema do filme, como eu afirmo anteriormente, não é "do que se trata", mas "como trata o assunto".
Pelo que eu me lembre, o filme me traz uma lembrança real do que é a vida, do que pod acontecer com as pessoas ainda mais neste mundo da moda ... mas talvez valha a pena assistir mais uma vez com um olhar mais crítico ...
(risos)...sem comentario!!!!
IDIOTA!
Isto é comigo ou com o filme, Oberon, porque eu também achei um filminho bem idiota...
que babaca... o que vc entende de filosofia?
Provavelmente mais do que você... Mas nunca se sabe, talvez você seja o Habermas ou o Baudrillard.
Como vou saber, já que você é só mais um dos covardes comentaristas anônimos?
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