sábado, outubro 22, 2005

Batman Begins (2005)



Nenhum dos diretores que se aventuraram, anteriormente, a verter para o cinema a história de Batman havia sido bem-sucedido.
As razões para esses insucessos são várias, mas se poderia destacar como uma das principais o fato de que a tragédia de Bruce Wayne e de sua vida dupla como um vigilante noturno é uma das mais complexas, contraditórias e agressivas do mundo dos quadrinhos. Antes dele, personagens mais simples e maniqueístas, como Super-homem ou Capitão América, já haviam provado que, para o cinema, era necessário um passo à mais do que tentar imitar literalmente os HQs.
Por isso, "Homem-Aranha", estrelado por Tobey McGuire, representou uma virada nesse gênero de filmes. Se não foi o primeiro, sem dúvida foi o que mais acertou a mão e criou uma linha mestra para os filmes inspirado em HQs que o sucederiam. De fato, "Batman Begins" poderia ser definido como o "Homem-Aranha" underground (e nem tão underground assim!). O filme do homem-morcego segue quase à risca o mesmo desenvolvimento do sucesso do aracnídeo, os mesmos dilemas, o mesmo percurso de descoberta de sua missão heróica e as mesmas dificuldades de um paladino da justiça iniciante. Empolga, mas dá uma enorme sensação de dejá vu.
Vemos o multi-milionário Bruce Wayne (Christian Bale) partindo em peregrinação ao Oriente, em busca de respostas pessoais pela morte brutal de seus pais. Lá, ele é treinado por um grupo de justiceiros que, sempre onde há injustiça, eles se reúnem para "purificar" o mundo. Como todos vigilantes, a medida da justiça é determinada por eles mesmos, portanto, dificilmente se poderia enquadrar num ideal universal deste conceito. Discordando dos princípios deste grupo - misto de ninjas e psicanalistas -, Wayne retorna a Gotham City e decide contribuir, de um modo bastante especial, para livrar a cidade do crime e da corrupção. Assistido pelo comissário Gordon (Gary Oldman), um policial incorruptível, por um cientista quase maluco (Morgan Freeman), por Alfred (Michael Cane), seu fiel mordomo e, indiretamente, pela promotora Rachel (Katie Holmes), Batman enfrenta os chefões do crime.
Como costuma ocorrer, o talento de grandes atores chega a ofuscar o brilho fugidio dos novatos, Sir Michael Cane e Morgan Freeman, mesmo com pequenos papéis, tomam a cena e incorporam os diálogos mais ricos. Liam Neeson e Gary Oldman assumem papéis planos, com personagens caricatos, mas, apesar disso, conseguem crescer. O comissário Gordon chega até a lembrar aquele bobão da bat-série que tanto alegrou nossas bat-infâncias.
"Batman Begins" supera de longe as porcarias nos quais esse herói já foi protagonista e, como o filme indica, tende a reverter a imagem tosca que sobre ele repousa no cinema. As continuações virão indubitavelmente e resta aguardar para ver se surgirá alguma novidade no roteiro e não apenas esta colagem de clichês e lugares comuns que tendem a rechear filmes de quadrinhos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ótima crítica Henry!
Já tava sentindo falta das suas resenhas!
Eu achei Batman Begins um dos melhores filmes do ano e, atualmente, ele ocupa a 4ª posição da minha lista dos filmes que eu vi e que estrearam esse ano.
Falows e Té mais!

PS: Dia desses eu vi As Bicicletas de Belleville e A Queda, então eu já vou deixar a minha opinião nas críticas que vc fez pra esses filmes!

Marco

Roberto Iza Valdés disse...
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