quinta-feira, setembro 08, 2005

Retratos da Província




Toda tentativa para ser original, em nossa época, redunda num esforço inútil.

Vários autores já preconizavam, muito antes de sequer se conceber um universo virtual como a internet, uma narrativa tridimensional, labiríntica, sem princípio nem fim.

Por razões óbvias, por sua limitação espacial, o livro nunca foi um suporte apropriado para este tipo de experimentação e apenas por extensão conseguia atingir o fim almejado desta inter-conectividade das narrativas e personagens.

No capítulo 10 de Ulysses, James Joyce descreve, na curta duração de uma hora, as trajetórias de uma dezena de personagens que se esbarram, encontram-se, ignoram-se ou simplesmente coabitam na mesma cidade. Jorge Luis Borges, em seu conto, Jardim das Veredas que se Bifurcam, propõe um mergulho nesta narrativa ilimitada, simultânea e inabarcável, mesmo que ele próprio só tenha podido vislumbrá-la conceitualmente.

Desde a década de 80, tem surgido, principalmente nos EUA, um movimento conhecido como hyperficção, o qual mune-se do suporte virtual para compor narrativas fragmentadas, as quais podem ser lidas em qualquer seqüência e da maneira como o leitor bem entender. Através da navegação por hyperlinks, o leitor escolhe a trajetória que mais o apraz, tornando-se, de certo modo, co-autor da narrativa.

No Brasil, os esforços em criar hyperficções ainda são limitados. Poucos autores se propuseram a se enveredar neste intrincado universo da não-linearidade que rompe com todos os princípios da ficção tradicional.

Esta coleção de contos que se encontra neste site, foi concebida como uma obra única, com as tramas entrelaçadas, com vidas que se tocam e num mundo compartilhado. Foi redigida num fôlego único e é de qualidade díspar. No entanto, vale como primeiro experimento.

Espero que vocês visitem,

Abraços.

http://www.provincia.cjb.net/

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