sábado, junho 04, 2005

Guerra nas Estrelas III: A Vingança dos Sith (2005)



O terceiro espisódio desta segunda trilogia parece ser uma concessão feita por Lucas para agradar aos fãs da primeira trilogia.
A nostalgia paira em pequenos e em grandes detalhes. Ao contrário de "A Ameaça Fantasma" e "O Ataque dos Clones", "A Vingança dos Sith" faz constantes referências aos filmes que consagraram, no final da década de 70 e início de 80, George Lucas como um gênio do cinema. Pela primeira vez, desde que se iniciou a produção desta malfadada trilogia (não em termo de bilheteria, já que qualquer porcaria alcança facilmente cifras de milhões de dólares), o espectador pode sentir um pouco da aura da revolução técnica e conceitual que representou "Star Wars: A New Hope" em 1977.
Mas este filme não apresenta novidades. É uma história que todos aguardavam e da qual conheciam um ou outro elemento. Lucas supre a curiosidade dos fãs em saber como se deu a origem do famigerado vilão Darth Vader, porque e como os gêmeos Luke Skywalker e Princesa Léia foram separados, e como o Senador Palpatine angariou o posto máximo de Imperador da galáxia. Se ele foi incapaz de criar uma trilogia que se equiparasse à primeira, ao menos conseguir encerrar satisfatoriamente com este filme.
Contudo, um espectador que só conheça os dois primeiros episódios ("A Ameaça [...] " e "O Ataque [...]") permanecerá em suspensão. É preciso ter uma visão global para relacionar todos os seis episódios e será um tanto difícil para os jovens de hoje compreender porque que certas coisas, tão modernas nesta mais recente trilogia (que ocorre no passado), tornam-se tão toscas e obsoletas do episódio IV em diante. Além disto, todo o mistério envolvendo Luke Skywalker e Darth Vader, que só é revelado no episódio V ("O Império Contra-Ataca"), perde a importância e converte-se em apenas mais um elemento do conflito entre a Força e o seu lado negro.
Ainda há espaço para uma crítica social neste filme e é muito fácil relacionar o autoritarismo e o imperialismo de Palpatine com o governo de George W. Bush. Porém, este tipo de associação pode ser um pouco rasteira, já que desde o primeiro filme (que é o episódio IV), "Star Wars" já direciona seu ataque a uma ditadura opressiva. Apesar de superficial, "Star Wars" aborda os perigos de uma democracia imperialista e enquanto na primeira trilogia isto poderia ser identificado com a Alemanha nazista (os componentes do alto escalão do Império galático tinham sotaque alemão) ou com a ameaça comunista, na segunda há um germe de crítica a estas pseudo-democracias cujo mote "Liberdade" só vale para seus cidadãos.
Alguns poderão até considerar "A Vingança dos Sith" como a obra mais bem acabada de Lucas, contudo, nenhum dos três primeiros episódios jamais atingirá o impacto e o frescor dos três últimos. Não são nem vinte anos de diferença entre eles, mas há mil anos luz de distância qualitativa. Não se pode negar, entretanto, que a crítica direcionada ao episódio IV, em 1977 - de que o filme de Lucas nada mais era do que um filme de cowboys e índios, só que ambientado no espaço -, ainda é válida.
Por fim, não há nada que me dissuada da idéia de que a personagem mais complexa e heróica deste filme ainda seja o robozinho R2D2.

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