domingo, março 20, 2005

Dois Perdidos Numa Noite Suja (2003)



Não é somente o título deste filme que lembra "Coisas Belas e Sujas". O tema desta produção brasileira, dirigida por José Joffily, também aborda o submundo da imigração ilegal num país estrangeiro; enquanto no primeiro, estrelado por Audrey Tautou e Chiwetel Eliofor, a trama é ambientada em Londres e aborda o tráfego ilegal de órgãos, o filme de Joffily se passa em Nova York, onde dois brasileiros, Tonho (Roberto Bomtempo) e Paco (Débora Falabella) penam para conseguir viver o sonho americano de prosperidade.
Mas "Dois Perdidos Numa Noite Suja", ao contrário de "Coisas Belas e Sujas", não dá margem para a esperança e para o otimismo. Durante todo o filme, tem-se a impressão de que não há como escapar daquele ciclo vicioso: ter saudades da pátria, mas não ter a coragem de voltar com o rabo entres as pernas depois de ter fracassado. "Dois Perdidos Numa Noite Suja" é o outro lado da terra das oportunidades; é o desamparo diante da falta de oportunidade, do sub-emprego, dos quartos escuros, das rotinas diárias pesadas para se ganhar pouco, do preconceito e de como é possível arrastar o ser humano a um estado de indignidade, no qual nenhum valor moral prevalece.
É claro que um filme naturalista como este nem sempre convence por seu determinismo, como se a humanidade fosse condicionada necessariamente pelas circunstânciuas e pelo ambiente.
Débora Falabella impressiona por sua atuação, apesar de estar um tanto teatral. Ao menos é uma oportunidade para vê-la interpretando uma personagem com conteúdo dramático, ao invés das personagens rasas e desprovidas de personalidade como Lisbella (de "Lisbella e o Prisioneiro"), entre outras mocinhas novelísticas.

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