terça-feira, novembro 16, 2004

Minha Vida Sem Mim (2003)



Ann descobre que está com um câncer terminal.

Ao avaliar sua vida, ela passa em revista os sonhos que não cumpriu, os projetos que não teve, as privações que sofrera e o marido e filhas que terá de deixar.

Decidida a viver plenamente seus últimos meses de vida, Ann redige uma lista com metas a serem cumpridas, entres as quais deixar fitas cassetes gravadas para serem tocadas para suas filhas em seus aniversários até elas completarem 18 anos, fazer amor com outro homem e arranjar uma nova esposa para seu marido.

No entanto, apesar da morte iminente pairando, "Minha Vida Sem Mim" não é uma história melancólica nem saudosista. Ann não se arrepende de como ela encaminhou sua vida até aquele momento; ela reconhece sim que ela e seu esposo não foram bem-sucedidos, que a amargura de sua mãe é algo prejudicial, e que ela devia ter visitado seu pai na cadeia antes.

Assim como no poema de Álvaro de Campos, o mundo continuará sua marcha após a morte de Ann, nada muda, e as pessoas esquecerão dela até que, um dia, será como se ela jamais houvesse vivido.

(...)

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!

Ninguém faz falta: não fazes falta a ninguém...

Sem ti correrá tudo sem ti.

Talvez seja pior para outros existires que matares-te...

Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

(...)

Fernando Pessoa, Poesia de Álvaro de Campos. Publicações Europa-América, p. 100.

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